Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Mensagem Minha na Garrafa em Alto-mar

Meus sentidos, congelados
Sinto-me isolado, ilhado
Pelas oportunidades inoportunas que perdi
Eu pedi pra voltar o tempo, em vão

Gangorras de "estou bem, estou mal", bem-me-quer-mal
Me cansam essa dependência de situações que não me levam a lugar algum
Nem você, nem ninguém, só as prisões que eu montei
Meus sentimentos que continuam continuamente a me fatiar

Amigos, amigos, não há negócios a parte, hoje e nunca
Na zona da amizade alguns pensam que viverão pra sempre, e ela não é nossa inimiga
Nós é que vivemos guiados pelo ponteiro de segundos do relógio
Mais apressados que nossos pés, por isso ainda estamos nessa ilha presos, sem saída

Eu quero construir pontes, destruir as barreiras e separações
Criadas apenas por nossa estúpida pressa em que tudo aconteça igual desejamos e agora e já
E assim nada acontece e continuamos sempre nesse ciclo vicioso de decepções
Será pra sempre uma vida presa na ilha da desilusão

Mas um dia seremos resgatados, só basta acreditar e não se isolar a toa

domingo, 29 de maio de 2016

Soneto de um amigo que quer mais te conhecer

Quando na minha estupidez desapercebi-me da majestade divinal
Você, como um anjo dos céus enviada chegou e me exortou
Mesmo eu tão bruto, duro de coração, você não se intimidou
E assim em minhas mãos pegastes, me retirou do poço tão mau

Em grande alegria eu te rendo gratidões e carinhos de quem ama
Ouvir, ler, degustar suas palavras de cuidado por meu simples ser
Sua presença junto a mim, ou tão longe, me faz sorrir, por existir você
Do que mais, acaso então, a minh'alma tanto assim reclama?

Ela clama por poder ser não mais uma, mas una com a sua
Em amizade ou algo mais, que a luz de Deus possa guiar
Seria pra mim de grande valia profundamente te conhecer 

E se acaso esse soneto possa abraçar minha existência à tua
Me alegrarei em te alegrar, e teu sorriso pra sempre contemplar
Poder ser pra você muito além do que você algum dia pensaria ter

sábado, 28 de maio de 2016

Fiação Escarlate

Minha arte é inferior à divinal arte
Quantos mistérios há em tão frondosa parte
Aviação, minha mente voa insana, destarte
Nesse seu cachear, fiação escarlate

Eu me fio de um dia poder alisar
Ou, ao menos, simplesmente tocar
E deslizar meus dedos nesse passear
Rubra cortina de cachos a rolar

Mas se por um acaso ou desatino
Não exista nunca tal escrito no nosso destino
E assim privado fique eu de seu tesouro carmesim

Me consolarei com esse soneto declamado
Essas palavras, versos e estrofes deixo ao seu lado
Como uma porção do encantamento que deixastes em mim

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Algumas Palavras Gentis para Damas Fabricadas


As vezes você me pergunta "por que é que eu sou tão irado?"
Não falo do amor quase nada, nem quero mesmo estar do seu lado
Eu não sou o Raul Seixas, nem você pensa em mim toda hora
Quem diabos seria imbecil de pensar em mim mais de um segundo?

Meu sangue ferve com você, mas diferente do Sidney Magal, é de vontade de te ferver
No mesmo caldeirão em que eu virei ensopado, na mesma frigideira em que me fritei contigo
Minha AK-47 está com balas com nomes escritos, preparada para assassinar com um tiro só
Headshot, um trabalho limpo e rápido, e portanto insuficiente pra satisfazer minha vingança
Dias, semanas, meses, anos de tortura psicológica e psicopata não se pagam com tão pouco

Eu estou cheio, S-A-C-O lotado de Ó-D-I-O, e todas suas infinitas linguagens
As cinco lá do amor podem enterrar junto com seu supositório aí dentro
Encher o tanque de ego de crianças mal crescidas não mais, não sou sua ama de leite

Você entope essas imbecis de elogios e elas sorriem, fazem pouco caso, narcisistas de M-E-R-D-A
Você quer tempo de qualidade, mas fazem charminho L-I-X-O pra não sair com você e se acharem
Presentes viraram gasto de dinheiro inútil com G-A-L-I-N-H-A-S que ciscarão sobre sua gentileza
Você ajuda a mesma em tudo que precisa e até seu "obrigada" é visivelmente só obrigado mesmo
Beijos e abraços são mais falsos que nota de três reais, te apedrejam e cospem pouco após isso

P-R-O I-N-F-E-R-N-O com esse sentimentalismo mais barato que sua blusa de marca estúpida
Se quer saber bem, estou já D-E-S-G-R-A-Ç-A-D-O de vontade de empurrar tudo no abismo
Eu escolhi esperar para dar uma rasteira em você lá na esquina e te atropelar com minha F-Ú-R-I-A
e todos os mais sentimentos negativos que você implantou em mim traseiro adentro

Ir atrás das piores escolhas do universo foi o que me criou e me fez o que sou
Quem sabe você foi mais uma dessas apostas estúpidas que me viciei na loteria da vida
Se foi, meus sinceros V-Á P-R-A B-O-S-T-A!



(Poema inspirado na música "H-A-T-R-E-D" do cantor Tonio K., e em um monte de experiências malditas que a vida me relegou, obrigado de antemão, vidinha estúpida!)


segunda-feira, 23 de maio de 2016

São Imposto

Nos impõem circuncisões, tábuas da lei, proselitismos
Nos impõem retornos ao templo de Jerusalém, ou montanhas de Samaria
Nos impõem dias para seguir à força, sábados, domingos, etc e tal
Nos impõem carnes pra comer, ou mesmo nenhuma sequer por à boca
Nos impõem Paulo, Apolo, Cefas e uns até dizem "Cristo" só pra aparecer
Nos impõem teologias, escatologias, soteriologias, Calvinos e Armínios
Nos impõem falar em inglês, espanhol, hebraico, grego, latim, esperanto e até "língua de anjos"
Nos impõem obediências a papas, pastores, apóstolos, patriarcas e o título tolo que quiser usar
Nos impõem escolas dominicais regradas apenas de doutrinas humanas
Nos impõem uniformes, ternos, paletós, gravatas, saias longas, anáguas
Nos impõem "nada de expor o corpo" nem pra pegar sol de sunga ou biquíni
Nos impõem o que assistir ou deixar de assistir na TV, rádio, shows, internet
Nos impõem a quem devemos nos relacionar, e aí de você se for de outra igreja ou pior, "ímpio"
Nos impõem normas de conduta baseadas apenas na opinião alheia ocidental hipócrita
Nos impõem modelos a serem seguidos mais mortos que santos de barro e bronze
Nos impõem supostas bênçãos e manifestações como provas de aliança com Deus e fé
Nos impõem dicionários de bom crentão, tão repetitivos jargões como as rezas do credo romano
Nos impõem candidatos políticos pretensamente santos, tão imundos como os que lá já estão
Nos impõem metas de dízimos e ofertas, o seu tudo ou nada, "ou dá ou desce"
Nos impõem coleções de asneiras, estercos e idiotices que só afastam e não ajudam a ninguém
Nos impõem fardos, jugos e cruzes
que Jesus em nenhum momento nos impôs.

domingo, 22 de maio de 2016

À Amiga Distante

 Quando lembro de florestas, lembro de uma flor selvagem distante
No planalto central do planeta vives tu, e eu nesse litoral, nesse vale, depressão
No plano alto do centro do meu coração uma beleza assim inspira e transpira minha pele
Suor frio, no calor do momento, desde aquele que te vi for first time
Uma paixão platônica, um reflexo do meu eterno palácio inconquistável
Não sobrou muito de mim, nos versos ares de quem distante sabe admirar o intocável

Guardaria todos os dias da vida, sábados, domingos e o resto da semana toda
Até os feriados valeriam a pena passar às tuas mãos morenas
Pena é que esse ensejo habita no mundo dos sonhos, e Morpheus o aprisionou por lá
Irrealizável, quiçá não, mas meus olhos são míopes demais para sentirem fé

Hoje é tão somente amizade, forte, legal, inegável
E fico feliz, porque no fim podemos contar de verdade um com outro
Mesmo assim, vc nesse ponto e eu pontos tão distantes de ti

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Tudo que há dentro de mim e aqui fora

Sensações, sensorial sentimento que senti, mas sinto que nunca
Vozes não faladas, sinais jamais enviados, canções não compostas ou cantaroladas
Isolado na imensidão, solidão na multidão, surdez na sala de música
Amizades que não são amistosas, inimigos que nem sequer rivalizam-me ou confrontam-me
Papéis, fáceis de borrar, riscar, rasgar, amassar e jogar na lareira para serem combustível em brasa
Rascunho de versos, de ideias perdidas no buraco negro de minha mente fragmentada
Sou um astronauta, ou assim é meu sentimento aqui dentro
Quando tento perceber tudo que há dentro de mim e aqui fora, é isso que meus olhos veem:
Paralisado e vagando solto num lugar que ninguém me ouve, meu som não propaga por aqui
Nem dentro nem fora de mim
E quem daria ouvidos a esse asteroide errante?
Isolado como um fantasma esquecido no nada
Minha posição é em órbita caótica
Saio de um ponto pra outro sem razão 
Escravo de uma gravidade entrópica
Por falta de quem valorize-me provei frutos estragados
Não sei se um dia irei me desviciar deles
De mim só sobrou meu passado cuspido
Não sobrou muito da minha nave explodida
Pessoas que achamos ser aquele alguém nos decepcionam
Estamos condenados aos sonhos inválidos
Não há saída desse espaço sideral vazio?
Espelho do meu coração, ou do seu
Almas jovens, novatas, corrompidas sem desejo de parar
O meu ciclo vicioso é minha falta de ar

Encerro aqui minha viagem
Sem saber se terei uma casa pra habitar, pra voltar ou ir
Desconhecendo os caminhos de uma base espacial, um amor que seja
Para servir de sol a me iluminar e aquecer

Ou
se
vou
          ficar
                                              pra
                         sempre
                                                                    perdido
                                                    no
                                                                                            vácuo
                                                                                                                               até
                                                                                                       meu
                                                                                                                                      último

(suspiro...)

Caminhos Ondulados

Desenho como aquarela meus versos perfumados do melhor gosto de fruta doce em teus ouvidos
Enquanto meus olhos deslizam em montanhas, em ondas mergulham e rebentam e abraçam
Encaracolam-se minhas vistas, minhas pistas e direções, caminhos em espiral
Rumo ao centro desse cachear, o seu coração

Eles disseram "pule" e o abismo disse "sim"
Ele não é a morte que todos afirmam, talvez apenas morra minha desesperança aí
No poço de vida e amores que desejo desbravar
Caminhando pelos montes e vales desses cachos, me perder e não mais voltar

Me livrar desse meu amigo íntimo e pentelho chamado tédio
Mandar ele procurar um alguém novo, bem distante, e nunca mais voltar, nem mandar lembranças
Cê num dá nem aviso, eu reviso minha própria ansiedade de cear contigo junto às velas acesas
Apagaremos as chamas da solidão num abraço seguido de um incendiário beijo?

Num país de ignorantes com Alzheimer precoce inserido pela sociedade e pela politicagem lixo
Eu não queria ser esquecido por você e mais ninguém nesse rodopio infinito, nesse olho de furacão
A ignorância inútil continua a me ignorar
E as pessoas caçam intimidades sem terem direito nem desejo de compromisso com ninguém

Eu quero me enrolar nos caminhos ondulados teus sem nunca mais desgrudar

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Onde Estou, Vou, Não Sei


Alguns enxergam satã até no assoalho da casa do vizinho
Perfumam suas casas, incenso e alho, escondendo os esqueletos e a flatulência de suas ignorâncias
O meu amigo sabiá que tanto voou pelo mundo, deu psiu perguntando por meu bem em vão
Por mais pena d'eu que ele teve, não adiantou, ela nunca disse "eu"
Enquanto tá cheio de problemas, problemáticos e pró-emblemas ultrapassados
E eu nem aí, ninguém nem aí, aí vazio igual meu coração, ou o seu

Desligaram à força, a forma e a fôrma dos meus versos, me puseram na forca dos perversos
Meus defeitos, talvez feitos e refeitos pelos efeitos dos confetes e confeitos envenenados da vida
Não sobrou nada pro jantar, o almoço dos moços e moças deixou só remorsos e troços quebrados
Não sei consertar, se soubesse eu não estaria em pedaços ante seu olhar insensível, insensato

Meus atos, fatos, consumidos pelos ratos, gato e sapato você me faz, pagando micos e patos
Não há em meus cacos os parcos desejos de renascer das cinzas, eles desistiram de si mesmos, eu
Não sei onde reclinar a cabeça. Nem sei se poderei um dia.

Não consegui encontrar um jeito de terminar esse poema porque o que me dói não consegue parar
Com nenhum maldito anestésico, nem alucinógeno

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Canto da Saudade do Pássaro Solitário


Eu repito aqui a repetição dos meus dias repetitivos
Tou metade, tou inteiramente certo disso tudo, que nada tou
Meu saudadear dos tempos de garoto apaixonado e apaixonante
Quando eu não ligava pros arranhões, cortes, cicatrizes, decepadas decepções

Não há senhora dona de meus mares, minhas marés só trazem ondas de rejeitos marinhos
Como o corvo de Poe, eu repito sem padrões de hertz nem ondulações: Nunca mais
Capaz da paz se desfazer comprazendo-se do meu desprazer
Nunca mais quereria eu repetir novamente "nunca mais"
Sempre eu, sempre você, sempre nós, em nó irrompível

Mas minha voz é incapaz de desfazer nossa vida, sempre sós
Os sóis se apagam e não haverá mais nós, nem nós, nunca mais

Sou um perdigão, você, minha perdiz, se perdeu da minha íris
Meu olhar em neblina e blecaute é o fim do túnel, não sei
Tu dizes que há luz por lá, talvez apenas tu delires

Paixão, faz isso não, assassinando o voo desse meu eu faisão
Que quer amar, mas amor mútuo virou ave rara, em extinção
Capturar um exemplar virou crime, contravenção
Mas queria eu, meu Deus, cair em tua prisão, teu coração

Hoje, amanhã, ou nunca mais

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Máscara do Jason (ou a minha?)


Incompreendido, compreendam
Seria eu, ou por trás de mim a máscara, ou a máscara sou eu?
Meus versos são meus, ou plágios da minh'alma chorando e implorando pelo amor verdadeiro?
Alguns elencam tudo a seguir como defeitos, efeitos de uma vida sem respeito alheio

Amo quadrinhos, HQs, mangás, animes, todas essas novidades impressas em papel machê
Os filmes dos mais diversos, principalmente aquele terror que me arrepia e me faz sorrir
Escuto guitarras distorcidas, rock, mas também samba, funk, reggae, rap e se der um brega que valha o ouvido
E novela pra mim não é embaraço, como também uma piada não faz tão mal
Pra quem gosta de sites de humor, até disso participo, com minha roda de amigos, cristãos ou não
Alguns tragam vinho, vez por outra, tem quem exagere na dose, verdade, mas não sou igual
Como pouco, de tudo um pouco, mas realmente pouco, inda que meu peso pareça discordar de mim
Se a Gillete dependesse de mim para vender e ficar rica, teria falido, pois odeio fazer a barba mesmo
Conglomeração públicas, shows, só gosto quando minhas orelhas balançam comigo
Sou chato com certas supostas manifestações religiosas, algumas são pura loucura mesmo e nada mais
Vergonha alheia de anticristos e de alguns ditos cristãos que mais parecem satanazes de anágua e paletó
Sou defensor da fé, mas não de instituições, placas de igreja, cantores gospel, popstores, religiosidades hipócritas, teologias de prosperidade ou bancadas "evangélicas"
Sou meio gótico, fã de poesias e romances controversos, e nada disso abala o que creio ou quanto creio
Sou mulato, nordestino, e nada coitado, nem dependente de governos humanos ou partidos políticos
Nasci pobre, ainda creio ser um, mas não acredito em socialismo, nem ilusões da utopia de homens imperfeitos e impotentes
Sou romântico demais, mas apaixonado de menos, a paixão nunca me deu boas recordações ou escolhas
Coleciono livros, gibis, revistas, moedas, CDs, até LPs, quão retrógrado sou eu
que de videogame só jogo aqueles dos tempos dos desenhos animados que fizeram minha infância

Se há mais algum defeito em mim, não quis de momento informar ou no momento desconheço
Talvez só mais um saiba elencar: a falta que tenho de você, seja quem seja
E o anseio de que em Deus tudo acabe muito bem para nós, hoje e sempre

sábado, 7 de maio de 2016

Re:Combinação

Alguns poetas saúdam saudosamente a aurora de suas vidas
E eu querendo enforcar a Aurora e todas as outras ingratas
Meu amor, uma nota de um real rasgada e amassada
Minhas cáries em crise por falta de doce pra mastigar
Pessoas arrumando confusão por bobagens e ideais falidos
Sorrisos escandalosos, candura excitante, lacrimejam lamentos
Os enganadores lá estão preparando o conta-g
                                                                       o
                                                                       t
                                                                       a
                                                                       s
                                                   Espalhar o seu veneno
                                                                      u
Amor, amora, amoral
Como estarão as salas de jantar?
Estarão lá como diria Janires, vazias, ou como cantava Os Mutantes, ocupadas em nascer e morrer?
Ou pior, será pavê ou "pacumê"?
Ao meu lado fones de ouvido ensurdecem o cotidiano e a natureza
Afogar os versos mal resolvidos no rio Capibaribe ou num copo de vinho, ou o que o dinheiro puder pagar de lapada pra virar
Tanto faz; o náufrago sempre virá a gritar:
                                                                    - SOCORRO!
O sentir continua como espinho a cutucar... como criança maleducada enchendo nosso saco
E eu, que que eu faço?
                                    Desfaço
                                                 Refaço
                                                             No paço dos palhaços eu perdi meus passos
A recombinação dos combos de socos e chutes que tomamos da vida e da morte diária
Não nos traz muitos caminhos à frente, marcham pra trás tocando a nota ré bemol
Há alguma esperança, Senhor Deus?


(Escrito entre 05 e 07 de maio de 2016)