Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sanguinis Amare

Gostaria de te elogiar sem ser pedante, redundante, grudento
Eu bem que tento
Mas sinto em nossa distância o meu tormento

Minha solidão é meu veneno diário, me faz errar mais que acertar
Me afasta de você demais da conta
Me faz sentir um lixo que não se dá conta de que assim jamais vai te conquistar

Nada me causa medo tanto quanto amizades que viram em mim paixões, possíveis amores
que morrerá sem nascer, um aborto, embrião estúpido em um pai que não encontrara
uma mãe para gestar tal vida, sem temores, assim o meu amor em óbito se declara

Como vampiros absorvem-me a alma, o sangue, o sentimento
Se esvai como hemorragia em meu fatal ferimento
Não mais eu, meu cântico de amor, só lamento

Não tenho mais conquistas, somente... relento

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Uma só / Um só

Tão perto de mim e sempre tão distante de meu eu

Tão próximo de meu eu e sempre tão longe de mim

Duas frases que parecem ser meu carma, meu espinho na carne, meu drama e maldição

Ainda creio que construirei pontes
que me levarão até quem é próximo de meu eu
ainda que longe de mim
pois de perto de mim e distante do meu eu já estou de saco cheio de conhecer

Eu quero o que me completa, o que me aquece, o que me resfria
O que me espelha, o que me repreende, o que me acode
O que me aquieta no canto e pr'outro canto me sacode
O teu olhar, teu respirar, cheirar, tatear, paladar, ouvir e falar

Gosto, perfume, canção, beleza, seda deslizante
Você do início ao fim, do cabelo esvoaçante aos pés de rainha
Quero desbravar os mistérios que habitam sua mente
Quero virar mais um desses tesouros escondidos em ti somente

Não haverá mais longe de mim quando formos um só, cordão de três dobras, eu, você e Deus
Melhor triunidade depois da Dele mesmo
Ligados, não mais tão perto de mim ou próximo do meu eu
Não haverá mais mim ou meu eu, nem seu eu ou você
Um só indefinível
Duo in carne una

sábado, 25 de junho de 2016

Espinhento Caminho Amoroso (Mas com uma bela recompensa: Você)

Estou cansado de ser apenas um personagem de uma história ruim
E viver apenas pelas margens da vida e nunca ser protagonista
Inaceitável condição de prisioneiro de conquistas marginais
Rasgarei o papel, romperei esse quadrinho, essa quarta parede
que me separa como poeta, verso, poema, pensamento
de seus lábios solitários e necessitados dos meus

Estou conectado a esse planeta belo criado por um Deus amoroso
Alguns se dizem focados no Senhor, mas agem como lúciferes
Não luzes que iluminam os caminhos dos perdidos, mas abismos multicoloridos
Atrativos... fatais

Mas eu prefiro procurar um jardim de tranquilidade
Onde as rosas têm espinhos, os cactos florescem
Não importa o quanto sofrido seja, eu terei seu perfume e sua beleza

Não me importa se ao meu redor as pessoas ignoram o significado da palavra amor
Aqueles que não valorizam apenas perderão o tesouro maior
Eu não, eu terei o coração de alguém que ainda deseja amar e ser amado

Nunca é o fim, não há fim, nada acaba de verdade quando se é fabuloso e bom
Nem esse poema tem ponto final

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Soneto a um Serafim Aniversariante

O tempo passa, avança, nunca regride, não retorna nem retrocede
Nós amadurecemos, crescemos e muitas vezes desabrochamos
Como belas flores que a seu tempo certo seu pólen, néctar e perfume nos cede
Assim são nossos sonhos, objetivos, irão muito além do que pensamos

Nesse dia em que chegas a mais um passo de seu lindo viver
Eu desejo dentro de mim tudo de bom para sua alegria e paz
Tenha todo o amor do Criador e de alguém que a ti merecer
que possa te dar carinho, afeto, companheirismo e muito mais

Queria te dar esse soneto como presente, embora tão pouco seja
Estimo que nesses poucos e reais versos você assim veja
O quanto eu gosto de você e quero te conhecer melhor

Pois eu realmente te admiro profundamente, ainda que distante
E queria poder tornar mais profundo isto a cada instante
Te dando em meu poema o meu sentimento maior

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Aproveite o Dia... e Ame como eu quero te amar

A complexidade dos fótons, dos megatons à explodir
dos quasares, auroras boreais e austrais à ressurgir
dos choques estrelares, meteoritos, trovoadas à retumbar
É só um pouco do que seria representação do meu sonhar

Nesse nosso jogo da forca eu sempre termino na corda
O cinza é mais extenso que os cinquenta tons da moda
Barrigas de aluguel ou feras radicais não me animam
Só quero um amor que seja tanto quanto meus versos rimam

Mas as pessoas não querem rimas, querem o caos, querem dadaísmo, querem niilísmo, querem o não
Mas as pessoas não querem Salomão
Preferem Protágoras, Nietzsche, Derrida
Preferem a derrocada da vida

Faça o que tu queres pois é tudo da lei, o carpe diem um dia mandará a sua conta pelos Correios
Thelema, tema, nem Crowley sabia definir se o Novo Aeon era um leite podre de seus seios
No fim tudo acaba em destruição, pelo menos nesse rumo de insólitos
Mas minha fé, sonhos e certezas no verdadeiro amor são meus alicerces, meus monólitos

E eu sei que viverei com você acreditando nas mesmas verdades
Seja lá onde estiveres, eu sei que contigo os sonhos serão realidades

"Os sonhos nos salvam. Nos elevam e nos fazem melhores. E pela minha alma eu juro... até que o meu sonho... se torne uma realidade... eu NUNCA vou desistir de lutar! JAMAIS!"

terça-feira, 21 de junho de 2016

Experimentos I

Abono salarial
Marcado underground interagindo
Vai
Donzela de ferro
Socialismo e Liberdade
Hunrum
Protestar
Fora do planeta silencioso
Apócrifos
Deus Ex Machina
Meus pêsames
Aforismos
Livrai-nos do mal
Ah
Ruptura na arquitetura da existência
Estão vindo
É uma parede
É apenas alucinação
Salto quântico
Referências
Os filhos de Corá
Mencionou você em um comentário
Saudações satânicas?
Trapézio
Reluz

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Soneto Irregular

Não mais amores da solidão perpétua
Pois o normal é a anormalidade
Não mais realizações belas da vida tua
Não há mais nenhuma verdade

As pessoas se isolam até sem querer
Empurram-nas àquela solidão
Ninguém sabe sair da prisão do ser
Tudo o que o sonho dizia "não"

É inverno, e os céus chorarão
Pelo frio que os tempos deixarão
Em nossos braços, a solidão

E se pra você é só tolo sofrer
O que meus versos vem aqui dizer
Então eu não tenho muito mais aqui a fazer com toda certeza devido a sua incompreensão eu não consigo sinceramente terminar essa frase ou tal verso de maneira conclusa e deveras prolixa, tão somente acabo por me perder em bilhares e trilhares e zilhares de palavras tolas e torpes e desnecessárias para conclusão de tão irregular soneto que há muito mandou as iludidas e ilusórias regras gregas, classicistas, arcadistas, parnasianas ou seja lá qual você ou alguém mais conserva imbecilmente invés de lembrar de conservar meu coração sofredor e caótico, tenho apenas como o meu nada niilista aqui ante seus sorrisos de minha palhaçada sem remuneração nesse circo de bobos-da-corte, sentarei minhas nádegas rindo de cada vez que a letra K é violada no mundo virtual para ilustrar uma sequencia de estrupícios sorrindo de sua desgraça a preço de nada, enfim, junte toda essa bobalhada num verso gigantesco, dadaísta, sem nexo nem regras e até faltando rimas coesões vírgulas sintaxe ortografia e pra não ser ignorante estética (ou seja, patética, rimam bem) e mando todo esse bando se...

domingo, 19 de junho de 2016

Lamento de um Conde

Eu queria
Fazer uma poesia
Mas falta-me ousadia
E motivos de dizer "bom dia"

Me levaram à prisões inacreditáveis
Entenda-se por "levaram" os meus neurônios
Chateau D'If pareceria uma mansão de veraneio
Perto do que eu acabei aprisionando a mim mesmo

"I know perfectly well that you are innocent. Why else would you be here? If you were truly guilty there are a hundred prisons in France where  they would lock you away. But Chateau D'if is where they put the ones they're ashamed of."

Minha ausência de versos faz-se sentida
Vide essa bagunça
Um belo espelho, reflexo de um poeta sem musas, paixões, direções

Só as acusações dos imbecis que só querem curtir e não fazem questão de conhecer o amar

"GOD WILL GIVE ME JUSTICE"

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Poesia interrompida (O título original seria "A Fábrica dos Sonhos Perdidos no Tempo", mas devido às circunstâncias, ficou esse)

Sonhei um certo dia num fantástico mundo
Onde pôneis viviam em liberdade, junto com unicórnios e pégasos
E as fadas lá voavam e todos os desejos eram realizados
Até que eu fui morar lá, e comigo trouxe a praga que devastou esse país das maravilhas
Homens famintos devoraram todos os pôneis e outros equinos similares
e por fim estupraram as fadas, as transformando em bruxas pra sempre

Cadê o poema? Seria ele tal qual meu pesadelo?
Versos desconexos, histórias incompletas
Meu mundo, minha vida, minha morte diária
Minha interrupção abrupta de todos os sonhos e realizações
Minha visão tola me faz enxergar que na verdade todos estão cegos

Talvez eu também...
(Daí subitamente minha mãe aparece no quarto e me pede pra sair
interrompendo a música que eu ouvia, as conversas virtuais que eu tinha - ao vivo eu não tenho muitas pessoas pra conversar mesmo -, a poesia que eu redigia e as ideias que eu tinha pra ela. Com isso, deixo essa poesia assim, igual a minha vida: Interromp


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Esqueci de um título

A pior sensação do mundo é achar que está perto da linha de chegada
E perceber que você apenas olhou pra trás esse tempo todo
Mal se distanciou da largada desde que começou sua vida amorosa

Estamos presos no ciclo vicioso de decepções, decepções e mais decepções

Se sonhos e amores inspiram, vou parar esse poema aqui
Porque falta-me inspiração

Não quero pessoas que digam "que lindo, John" com esse poema
Quero mesmo é quem por pura miopia sentimental me chame de "meu lindo"
Mas míope estou eu que não enxergo o óbvio: Ninguém vai dizer essa burrice nunca mais comigo

Não há solução
Apenas solidão

Só me dão o direito de escrever essas tolices que caem em cegos olhos que veem nisso apenas arte

Minha arte, diversão dos outros, perversão dos meus sentimentos olhando pro fundo do rio
Aguardando o momento em que terei coragem ou insanidade de os jogar de cima da ponte
Junto com meu corpo imprestável

terça-feira, 14 de junho de 2016

À Antiga Musa

Lembro de você
2004, 2005
Os anos passam e você continua a mesma fada que fez meu coração disparar

O tempo se esvai
e eu não sei se teria tempo de relembrar o quanto você me inspirou
a poetizar

E assim fiz esse
Só pra relembrar
de quando você dançava ante meus olhos
e os fazia cantarolar versos apaixonados

Saudades desse tempo que não voltará
de versificar Recife e Olinda e você ao mesmo tempo
12 de março me lembra ainda você
Minha eterna primeira musa do coração <3

Algum Brilho Algum no Nenhum

Help me!
No, I don't need survive, John Lennon
I need die for love

Ouvi aqueles que creem em misticismo dizer que ninguém gosta do signo de Gêmeos
Pra minha sorte, eu não me guio por constelações, apenas pelo amor
Se seu ascendente não se bate com o meu, é problema seu, não de sua estrela "guia"

Ou o problema é meu?

"Por que só me apaixono por pessoas que não demonstram o menor interesse em mim?"

E se?

Poderíamos inventar nossa própria constelação
mas você prefere ser um sol, um só, uma só



Sol

As pessoas falam "esquece ela" como se esquecer existisse
mas no fundo nem com Alzheimer esquecemos

Onde                      estou?

Sua voz?

Suas chaves, pode jogar fora
não preciso mais delas

desmora não dor

tevê te vê hahahahahahaha

NÃO VEJO NINGUÉM

Agente Laranja --------- ex-azul caótico

m i n h a  s e c r e t a ´ r i a  e l e t r o ^ n i c a

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

O processO FoI iNterroMPIdo

ouñ

Joga
folhas
em mim

0:

Logo vai acabar
e o que vamos fazer?
Carpe diem

Tudo bem

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Murmurações de São Valentim (ou de Santo Antônio, vai saber)


Por mais que eu mude o foco dos meus olhos
 Eu ainda choro
  E chamam isso de carência
   Chame do que quiser
Dói em mim, não em você
 Dão fórmulas mágicas pra me livrar de você
  Mas só acredita nisso quem é tolo
   Você pode acreditar em Deus, mas não garante que Ele creia em você
Tudo é mais simples quando são os outros que estão morrendo
 "Você gosta de forçar sofrimento, solidão, carência"
  Viva um dia na minha pele e você cometerá suicídio em meia hora
    Sim, é ruim pra cacete, não faço ideia do que diabos (ou o inverso dele) me mantém vivo ainda
Estudou muito pra viver preso em um computador
 Escrevendo versos de dor para audiências sorrirem igual palhaços nas arquibancadas do circo
  Se esse verso anterior te ofendeu, eu quero que você vá à merda, agora se ofenda direitinho
   Não me interessa se sua dor é "maior" que a minha, a minha continua doendo pra cacete aqui

Escravo de mim mesmo
de meu orgulho tolo
ou de Seu silêncio assassino
que prefere continuar a me deixar morrendo ao relento
como um Adão que perdeu a costela em vão
e morre de hemorragia aguda em pleno Jardim do Éden

Não quero pagar de Jó
Até porque ele teve o que perder
Já eu nunca tive nada mesmo
Nem uma infeliz que odiasse meu bafo ou desejasse que eu amaldiçoasse a Ti
Nem mesmo vou fingir ser justo e não merecer sofrer
Mentir é uma coisa que eu faço tão mal que nem poesia sei fazer direito

Sai pra algum lugar pra ir pra lugar nenhum
Leia os livros que você gosta pra continuar em círculos
Coma fora pra ficar com congestão e precisar de sal de frutas
Beba um pouco pra dor de cabeça da ressaca te relembrar a vida de merda que é a sua

Eu recomendo
Vale a pena
  1. Se embriague;
  2. Cuspa toda a bebida com seu vômito;
  3. Aproveite e jogue fora seu coração junto
  4. Morra
Que belo final, um clímax digno de Hollywood!
Talvez seja a sina, minha sina final, ser escravo de impulsos interiores que jamais se satisfarão
Apenas se iludirão pra sempre igual espectadores de shows de David Copperfield

Run to the Hills... a censura está chegando pra cortar fora met... des... poe...

Esse poeta é um falastrão
Ignorem os versos acima
Ele é reclamão demais
e só

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Conjugação Desejada

"A Bailarina" - Edgar Degas
Te amaria
Você dançando como cisne negro
Bailando e embalando meus ouvidos com sua canção
Mesmo em meio ao som do silêncio relembrar de ti
De cada coreografia, fotografia, videografando em meus pensamentos
Sua beleza balançando em cachos ante mim

Te amaria
Você em um vestido cor preta
Em meio ao salão, num show de rock, até mesmo gótico
E você virando a atração principal pra mim
Meus aplausos todos se perdendo, saindo de rota, caindo em seus braços

Te amaria
Quando te visse acordando de manhã cedo
Seu hálito noturno me beijando, na inexistência de maquiagens
Remela nos olhos, cabelo esvoaçado, não importa
Todas as manhãs seriam belas muito além dos raios rubros do sol, os teus rubros raios capilares

Te amaria
Ainda que adoecida, febril
De cama, sem saber como levantar da cama
Ou mesmo naqueles dias terríveis que só você sabe como dói, eu jamais poderia sequer imaginar
Ainda assim estaria ao seu lado, cuidando para que essa dor fosse amenizada pelo meu amor
Quiçá até eliminada, nada é impossível quando se ama de verdade

Te amaria
Mesmo quando contrariada
Quando nossos pensamentos divergirem totalmente
O amor nos fará encontrar um paralelo, muito mais, uma convergência
Para que nossas linhas retas continuem sendo como uma só

Te amaria
Mesmo nos momentos em que duvidares do amor
Não só o meu, o do Criador desse amar
Em meu demonstrar diário de que ele é real pra mim e você
Eu sei, o amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta irá brilhar em seus olhos de novo

Te amaria
Lá naqueles momentos em que as maquiagens não escondem as rugas
As tinturas não escondem o grisalhar de seus cabelos, embranquecidos
E as costas enfraquecidas já não possam erguer sua vista para eu teu rosto contemplar bem
Não importa
Te amaria até que a terrível senhora morte apareça para um de nós ao seu castelo levar

"Te amaria"
Pretérito imperfeito...
Mas sem dúvidas, não quero eu conjugar assim pro resto da minha vida
Quem sabe para ti eu possa conjugar no presente e no futuro, pra sempre
Só basta você também dizer e também viver: "te AMO, te AMAREI"

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Novum Lunae (Crepúsculo do Amor)

Eu queria te abraçar, mas não sei quem é você
Eu queria te beijar, mas desconheço sua pessoa
Eu queria te dar a mão e sairmos por aí a ver estrelas e sorrir, mas nem faço ideia de onde você tá
Eu queria te amar, mas o amor não aparece, pelo menos não o seu, pra valer a pena o meu

Meus versos são carregados de "nãos". Carregados que eu não quero mais carregar
Mas a vida insiste em amarrar nas minhas costas esse fardo maldito
Dias vão, dias vem, e eu cada dia mais desisto de mim, já que ninguém mais acredita dia após dia

Escuto Carl Orff e seu Carmina Burana, O Fortuna
Como a lua, a sorte de muitos é
Ora crescente, ora cheia, firme, ora minguando, ora desaparecida, apagada, inexistente
Em minha vida a sorte do amor é lua nova toda noite
Sem nenhuma estrela pra ao menos disfarçar a ausência do reflexo lunar em mim

Será que te verei um dia, rubra sorte?
Ou me serás pra sempre uma lenda irrealizável, uma utopia, uma quimera, sonho impossível
Quando a roda da fortuna celestial irá sorrir para mim algum amor verdadeiro?

Fortune rota volvitur;
descendo minoratus;
alter in altum tollitur;
nimis exaltatus
rex sedet in vertice,
caveat ruinam,
nam sub axe legimus
Hecubam reginam.

sábado, 4 de junho de 2016

A Borboleta que Jamais Voou (O Homem que Jamais Conheceu o Amor)

Paixões antigas, feridas abertas ou cicatrizes horrendas
Pra ser sincero não importa o que sejam, sei apenas que doem
São como queimaduras vivas que não se apaga o fogo
Os terrores desses desprezos são o que às minhas unhas roem

Sobrevivendo entre cacos e restos do que fui ou fingi ser
Desmotivos, dessorrisos, descaminhos, descalabros, assobios
E meu sopro é insuficiente pra alguém me salvar daqui
Desse poço da solidão eterna, dessa falta total dos teus lábios

As pessoas enchem de kkkkkkkkkkkkk, muitos sorrisos
Nenhum me voluntaria a acompanhá-los nesse tanto gargalhar
A cãibra nas minhas pernas evidencia meu cansaço geral
De persistir em correr, em buscar quem só faz de mim se afastar

A chuva é prenúncio de flores no jardim, seu perfume exala
E eu queria poder como borboleta voar até o néctar do puro amor
Mas fui desprovido desse dom, apenas rastejo como taturana
Até o dia em que os corvos virão para me devorar em meio a dor

Não acredito em metamorfoses nesse sistema tão insensível
Eu fiquei preso à ideia a qual irei como estátua ficar parado sem andar
Até que a erosão dos dias que violenta-me constantemente
Possa me devolver ao pó somente, ninguém lembrará de que quis amar...

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Mais daquela amiga distante

Pessoas de longe me amam
Pessoas de perto me enganam

Meu erro
Numca comsegui corrijir

Eu só queria uma luz no meu mar
Eu só queria o sol, o som, tão sã, tão sá, sei lá

Não entendo absolutamente nada das palavras xenofobia, racismo, preconceito, quiçá pornografia
Tanta verborragia, hemorragia da minh'alma implorando por um torniquete a estancar minha dor tola

Sobrei                                     qual a ordem minha dessa vez.
            esperei           Não sei
                        viajei.

Desenterrei meu tesouro apenas para descobrir que saquearam meu baú
Você continua tão longe de mim, não há luz no fim do meu túnel
Pois o túnel tem milhas e milhas de extensão, morrerei antes de chegar no fim
Só os ratos se lembrarão de mim quando eu expirar aqui nesse labirinto mortal

Eu amei demais o nada, do nada não me restou cousa alguma para dizer "obrigado", de nada.
Continuo só, sempre no pó, ninguém tem dó, nem ré, nem nenhuma melodia ou canto fúnebre
que consiga dar tranquilidade a esse tolo que escreve esses versos já agonizando
Por saber que jamais será seu, jamais terá luz, jamais será sal, nem sá
Nessa salsa da vida eu dancei a cantarolar "laralaralaralaraaaa"

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Elegia aos Poemas dos Velhos Tempos (ou "Maldita Pós-Modernidade")

Eu não consigo mais dormir pro dia nascer feliz... meu veneno antimonotonia foi envenenado
Ninguém se importa mais se é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Não me deixaram versos, nem adversos, nem reversos, só os perversos permanecem
Nenhuma dessas músicas de hoje tocam o meu coração nem fazem a revolução, não me saquearam
Só saquearam mesmo aquele grito de "me chama, Me Chama, ME CHAMA!"
A gente não quer só comida, queríamos diversão e arte,
só que picharam meu playground e minha pintura a óleo

Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, ninguém me lê, ninguém me escuta
Imagina lá querer me provar, querer ter a mim, querer me possuir, duvideodó
Queria estar no seu jardim para cuidar muito bem dele, mas os agrotóxicos e as pragas o consumiram
Decadence Avec Elegance... diariamente na TV, rádio, internet, pra todo lado dessas mídias
Não querem a mim como eu quero, não mais, pois o alguém que me desse segurança dançou

Quem me dera ao menos uma vez poder mais uma vez ter outra vez pra ter vez com você
Mas foi tempo perdido, não é mais cedo, o rock errou, nunca vou poder dizer assim pra você
que eu gosto tanto de você, não por preferir esconder e deixar subentendido
Mas por não haverá mais sub, infra, intra, extra, inter, co, sobre, super ou outro tipo de entendimento

Todos trocaram o amor por umas vaidades...
Tá que nada do que foi será do jeito que já foi um dia, mas ser o último romântico é triste
Principalmente quando se olha ao redor e as claras como a luz do sol e belas como a luz da lua
Não pretendem ser nem um pouco românticas, nem se perder na selva na aventura da vida

O maior abandonado continuará aqui no orfanato dos corações psicodélicos
E assim caminha a humanidade, com exagerados não por amores, apenas por invenções
Meu erro foi crer que estar ao lado dos exércitos da virada do século, da alvorada voraz
Alagados todos nós na favela da maré, ninguém vai ler esse poema e amar
Prevejo todos os leitores ignorando tantas referências de águas doces de se beber
Pois estão mais acostumados a se banhar no lamaçal dos, haja (sic) pra pouca censura:

____________________(Falsete): UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!-------
¬¬
%%%%Novinha vai, novinha vem, senta aqui, senta, senta, senta ******
Meça***********Suas**********Palavras********Parça
Vai P
        o
          p
            o
              z
                u
                  d
                    a
                       vai descendo até o chão(            )
Chupa que é de grape, pois é o seu vizinho que quer comer meu c*elhinho!
%@$$!@%!@(*!@(&!#*(#¨!&*¨#!¨%@¨@!¨$@¨!@¨!@&&(**()*)@/?q´~=-=~]-=~`^{[^]=--"'


E assim... com passos de formiga e sem vontade, gritamos "CALCINHA EXOCET" e percebemos
que esse grito pornográfico não foi nem a metade do imoral que hoje nos alimentamos
Não há mais meninas venenos no nosso veraneio vascaína, nem Madames Satã ou Damas Xoc
Tudo isso ficou lá atrás, enterramos ele nesse momento com o que sobrou de nosso velho amor

R.I.P. Poesia Brasileira 1500-1999

Ou será que a palavra antiga ainda dará os ares por aí um dia?

Fora do Sistema vol. 2

A brevidade, a efemeridade, a areia da ampulheta me diz que estou dia a dia escoando como ela
Mas me parece mais justa que ser imortal em nossa vida injusta e pervertida se putrefazendo
Não existem escolhas, já que não sobraram opções, a morte é o que nos aguarda na esquina diária
O meu som de fundo está paralisado, surdo, chorando, quebrado, deserto, desafinado
A pornografia das bancas de revista se espalha por nossas casas, nossas mentes
Nudez, nudes, desnudados, não existe nenhuma pessoa mais que não absorvam essa defecação?

Fórmulas fatais para a carne, adeus criatividade, vamos tomar o suco reciclado do sangue velho
Há aqueles que quebram o tabu, e depois agem como abutres e urubus
Sobre os restos desse mundo falido, morto-vivo

Amizade, amor sem asas do Lorde Byron
Mundo lato sensu, vida stricto sensu
Minha bolha impenetrável, sufocante, imploro por explodir
Meu cálice de veneno, cicuta suave, minhas saudades de quando tudo não fazia sentido algum
Agora meus dias se resumem às certezas de que tudo faz sentido, só as incertezas são certas

Eu não quero mais viver esse sistema insano, longe eu quero caminhar mais perto
da loucura que é sabedoria, elogio a ela, tal qual Erasmo de Rotterdam
Me agarra e me joga ao lado de alguém que se agarre a mim e a esse vórtice da tolice salvadora
A cruz que escandaliza os escandalosos prazeres corruptos de cada dia entre os sábios desse mundo.