Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Religare Divus et hominus

Ano após ano nessa longa estrada eu vejo
Quantos tropeços, quantas ruínas deixei pra trás
Minha jornada de percalços sem precauções
De erros profundos e arrependimentos a mais

"Time after time, we make the same
Line after line, when will we learn"

Preciso de mais ética e menos estética
De não julgar maracujás pela casca
Nem humanos pela aparência
Tampouco amores pela beleza
Mais do íntimo e menos do exterior
Pois "o amor, sim, reinará, mora além do espelho a revolução!"
Mais intimidade e menos obscenidade
Pois além da carne fétida existe um interior implorando por ser valorizado
Mais verdade e menos hipocrisia
Quando caem as máscaras e o pano do teatro, quem sobra debaixo de sua maquiagem?

Quero apenas marchar para O Melhor Caminho que vem dos céus
O que se foi, já era, agora uma nova era, não a de Aquarius, mas a do Sol da Justiça, em mim se fará
E tudo de melhor e maior será, basta não parar, nunca olhar pra trás!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Dia de Ação Desgraças

O que você tem a agradecer hoje?
Ou será que nunca agradece mesmo por nada
Escolher um dia pra levantar as mãos pros céus e dizer obrigado pra que deus que você quiser
E passar os outros 364 (ou 365 se ano bissexto) dando uma banana pro Criador do Universo

Alguns politicamente "corretos" vivem num moralismo hipócrita
Outros politicamente "incorretos" acham que são liberados pra fazer o que bem entenderem

E no final estamos todos sós, todos a sós, assolados
Sob a luz do sol nada de novo há
O que vou agradecer afinal, o que é que há?
Ou será apenas um perdão antecipado pras dívidas do Black Friday que amanhã virá?

O dia é de ação de que?
Não sei ao certo, ou será que saberão aqueles que lá vão
Num ecumenismo falsificado
E sabe-se lá pr'onde irá essa 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ribeirinhos Suicidas

A Felipe Marcos
 

Os do lado da margem avermelhada gritam palavras de ordem
Os do lado da margem azulada soltam bravatas e xingamentos ao outro lado
Enquanto isso navegando num rio de ouro e diamantes
Os ídolos de ambos os lados bebem vinho do Porto e comem caviar como pipoca
Vendo o filme dos ribeirinhos e aguardando pra ver quem morrerá primeiro

E você, que lado você está nesse riacho de suicidas?
Qualquer que seja ele, "no fim tudo acaba em destruição"





Inspirado nas obras  "Terra Desolada" de Felipe Marcos e "Política Literária" de Carlos Drummond de Andrade, além da música "Batalhas Cruzadas" da saudosa banda Kannibale de Paudalho-PE.

sábado, 19 de novembro de 2016

Final de Sábado, Sem Descanso

Inundado pelo Texas escuto
Stevie Ray Vaughan e um duplo problema hoje e sempre
Tá tudo blue, ou tá tudo blues, acho que a segunda opção tá bem cabulosa
No meu disquete de 3 ¹/² tá tudo fora do canto, desformatado e fragmentado

Tudo pede um fim de sábado muito igual a tudo e mais um pouco disso aí
Esse tédio que vem engarrafado ou num tablete
Ou oferecido gratuitamente num vídeo de Youtube, e o ofertante ganha a cada visualização sua
A cada dose de veneno do conta-gotas do cotidiano

Boas companhias tão difíceis pra cacete de se achar nesse mar de piranhas e moreias
E das que menos se esperaria uma mordida, logo a ferroada da arraia que eu tanto amei
Bem no meu coração
Me faz lembrar de versos perdidos de 2004, lá onde tudo começou e também teve seu fim prematuro

"Pensando como Stendhal
Vejo eu as flores do mal
O mal que vem de você
E de como pode me fazer sofrer"

Agora estou mais um sábado, sem o desejado descanso sabático
Ouvindo mais uma vez Bowie lamentar os poucos anos que restam dos meus lamentos também iguais
Sabendo que dificilmente outro domingo brilhante pode advir amanhã com o sol
Apenas poeira cósmica e de novo lembrar que sempre estás distante até do meu lado, infeliz assassina

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Soneto Inglês de Um Dia Feliz (ou um sonho perfeito)

Baladas românticas e sua capacidade de torturar almas solitárias
Não quero mais ouvi-las exceto se um dia tiverem algum destino válido
Um alguém que divida um bolo de rolo comigo juntinho
Mas a vida costuma me dar muitos outros bolos infelizmente

Mas eu ainda quero chegar naquela lanchonete com alguém ao lado
Pra dividir esse pedacinho de alegria comigo, porque vale a pena
Baratinho e docinho, bem perfeitos pra nós dois
Uma tapioca e um beijú, ou um beijinho quem sabe, por que não?

É só nós caminharmos, cantarmos, um velho rock daqueles
"Love me tender, love me sweet", de volta aos anos 50
Quando a sociedade tinha suas restrições, mas dava pra viver
Invés dos mimimis desse povo atual que se julga livre apenas pro que querem

Eu quero liberdade real que só quem ama conhece de verdade
E não essa realidade cujo autor de novela não sabe dar final feliz mais

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Emotic-Non

Falam de superluas e suas capacidades românticas
Esqueceram de avisar aos céus sobre mim disso aí
Ou na verdade os céus apenas nublaram em minha homenagem
A escuridão perfeita do desamor 💔

É tanta má notícia que eu perdi minhas esperanças cerebrais
Estou virando uma caveira, um morto em meio aos vivos, e não sei se muito louco 💀
Creio que na real seja eu um abigobal ainda crendo em boas novas
Será que ao menos do céu virá alguma mísera alegria em forma de maná?

¿

Isso parece-me tornar propenso a uma terapia intensiva, quiçá
Ou repaginar minha concepção de vida, ser menos emocional, mais racional
Independente de ser ⧬ ou ⧭, não importa a cor, emoções só pra quem merecer e merecer pra cacete
Pois um 💋 bem dado assim: 💏
Não se dá em qualquer boca seca
Tem que valer a pena demais da conta assim ó: 💑
Senão, guardo para você, detratora estúpida, os versos íntimos finais de Augusto dos Anjos
Abra sua boca e meu escarro será seu presente e alimento perpétuo

sábado, 12 de novembro de 2016

Tratado Acerca do Coração (Batendo Forte e Acelerado) - 2006

Nota: Originalmente um compilado poético e com desenhos diversos como um folhetim de jornal, "Tratado Acerca do Coração" foi feito em 22/08/2006 para uma pessoa que eu era apaixonado à época, sendo meu segundo - e até o momento último - compilado poético dedicado unicamente a uma pessoa - o primeiro fiz em 2005 e dei de presente para a correspondente musa da época, que só Deus sabe o que fez do mesmo. Algumas publicações desse texto foram removidas (o poema "Siglas Lindas" não tem mais o acróstico original nem o verso final; a introdução foi removida por não corresponder mais ao que acredito sobre paixões; o prólogo e um elemento extra foram removidos por serem direcionados unicamente à musa da época). De resto, são seis poemas resgatados de meus escritos dos tempos de faculdade. Espero que curtam, e vejam que a arte pode encontrar novas musas para seu objetivo final por si só.
P.S.: Ela não mereceu ler esses versos na época, e nem merece até hoje, portanto não mencionarei quem diabos ela era, também não me interessa mais, quero uma pessoa muitas infinitas vezes melhor.

Smiles and Smiles

De um lado a outro do rosto
Meu sorriso e teu sorriso
Obras de arte divinal
Sibilos e batuques
A entrada triunfal
É, você apareceu
É, clareou meu dia
É tão incrível reconhecer
Que I need usted

A Enigmata Ciência

Quando meus olhos te veem
Lembro de uns versos musicais
Quero te levar comigo
Para vermos estrelas
Sorrirmos juntos, felizes
Ah! Esse teu meigo e inocente sorriso
Linda, bela, meiga

Quero te conhecer
Desvendar cada mistério
Os enigmas que vejo em você

Ah! Também te direi
Tudo o que sonhei
Quero te revelar
Coisas que a mim até então era exclusivo
Para sermos assim
Como estes versos
Tão meus e tão seus

Só e tão somente só

Se um dia você ler
Tais declarações
Que você entenda
Que tudo isto é só
e tão-somente só
Pra ti

Siglas Lindas

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BOOOOM!

O que é ilusão?

O que é ilusão
Quando o coração está feliz?

Blues Orquestrado do Amor

Você é uma
Hum sou eu
Diferentes e tão iguais
Como as tuas mãos se opõem e se completam
Tantas linhas e pontos
Iluminações, pixels vivos
Átomos, moléculas, substâncias
Células, epitélio e todo o teu rosto
Arte de pintor incrível e perfecto
Não há um igual, espelho, retrato ou pintura
Um mural infinito
e teus cabelos louros ou ruivos
Não importa, eles são belos
São de uma beleza incribilíssima
Se movem como as asas de uma águia
Me querem levar
Como as pétalas de um dente-de-leão
Flutuam como pólen
Ah! Lindeza inexplicável
Nem minha poesia pode demonstrar
Nem nada saberia comentar
Ar puro... cheiroso
Perfumado por tua essência
Se assim é o cheiro, imagine o néctar dos teus lábios
O tempo, como lembrar dele
Às vezes chateia, mas eu espero
Eu sei que em Deus há controle
Controlei-me e sei que há tempo
Eu vou poder logo logo saber que juntos estaremos em amor, amor...

(P.S.²: Ou não...)

Campina do Barreto, Recife, 22/08/2006.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Confissões Malditas II

Não sigo nenhum dos lados dessas moedas politizadas
Tão tudo errados e são a merma merda, fedendo à direita ou à esquerda
No fim quem tá na favela continua com medo de morrer ou de ter de matar
Os narizes ainda se enfiam na cola e o caviar ainda tá no prato do vagabundo em Brasília

Ninguém responde meus versos, acham que são o que, palavras vazias, cacete?
Acham que eu sou um vomitador de versos robótico, computadorizado?
Vão à merda!

Tô sim naqueles dias que se o inferno subisse na terra eu iria me sentir no paraíso
Iria pegar a frigideira do diabo pra assar os rabos de alguns indivíduos
Ou queimar minha língua imbecil que fala demais do quanto eu me sinto vazio e um nada sozinho

E tem gente que ainda consegue ser feliz casto, solitário
Não sei se o chamo de herói, gênio, corajoso, suicida ou um charlatão de bosta
Ninguém é feliz só nessa porcaria de mundo de individualistas movidos a internetismos

Eu me sinto um velho coroca ranzinza esclerosado osteoporoso e gagá num asilo
Cada vez mais perdido num mundo de garotos que nunca vão crescer
Ou será que eu que estou morto e não me dei conta ainda pra deixar me enterrarem duma vez?

Oh Deus, como eu sou um lixo enorme, como o Senhor aguenta esse pedaço de merda que sou?

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Inversoneto de Atropelamento

Menininhas e seus coraçõezinhos distribuídos para a ilusão dos inseguros
Alimento para o ego é a admiração dos inconscientes e desesperados
Impacientes buscam sonhos perdidos para sempre no seu choro irritante

Já eu cansei diss'tudo que esse tal de desamor trás à prisão dos augúrios
Meu anseio é de um mísero pedaço, um beijo de amor bem dado
Não as ilusões de crianças virtuais que cacarejam sua carne todo instante

Não sou vulgar, nem me esconderei em disfarces vãos
Sou um homem que cansou das alheias futilidades
Sou um poeta que quer entender o que danado é amar
Sou eu, um reles nada e ninguém, pra alguém talvez

Mas anseio o mais gostoso dos sims em meio aos nãos
Saco cheio estou de sonhar, realizar quero minhas verdades
Se você não quer ajudar, desejo que vá gentilmente pastar
Pois senão passarei por cima sem pensar mais nem duas vezes

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Adeus à Cerca das Ilusões

"Cavalos em Fuga", Norberto Duque
Quando meus glúons perdem seu contato, encaixe e colagem
e meus quarks e neutrinos se decomporem em traços invisíveis do quase nada
Meus mésons e elétrons se espatifarem e como pó ao vento forem espalhados por aí
Espero que sobre alguma marca de que eu passei por aqui além desse monte de versos a toa

Matéria morta tão qual a esperança de quem se foi sem a Paz que ultrapassa o entendimento
Tão vã quanto os esforços humanos e seus desgovernos os quais persistem e nos governar
O que os estados acham que fazem bem, posso como indivíduo fazer melhor
E não ser apenas estado, ser o ser, mesmo que não sendo Aquele que É o que É
Pois aí não seria mais eu, seria suicidar-me, luciferina apagando-se na cauda dos vagalumes

Os urubus invadem o mangue e eu estou preso na lama aguardando vivo seu devorar
Eles me colocam cargas, impostos, antolhos, cabrestos, planos econômicos,
partidarismos, ideologias, dogmas, doutrinas, etiquetas, confissões de fé, bulas papais,
governantes, chefes religiosos, limites amorosos, cheques sem fundo, bolsos furados

Haja ontem para tantos anteontens, e os amanhãs não nascerão nem hoje nem nunca mais
"I'm gonna break... I gonna break my... I gonna break MY RUSTY CAAAAGE
and RUN!"

Seria uma pena pra esse mundo de disfarçados à sombra da morte
Se eu me libertasse de uma pra sempre e ever correndo em busca do amor verdadeiro
Correndo pros seus braços, depositar minha colcha de retalhos para nos vestir em um só

domingo, 6 de novembro de 2016

Religiosidade ou Futuro (ou "Caminhos Largo e Estreito")

Perdemos tanto tanto tanto tempo
Tentando localizar justificativas para nossas miopias
E nossa surdez voluntária
Nosso autismo social, nossa dislexia para o que nos perturba e não queremos aceitar que falhamos

Regras de intolerância para tolerar a cara do seu próximo
Sua cara-de-pau não se dá conta de que os cupins e termitas a devoram
Junto com seu cérebro consumido pelas traças da religiosidade hipócrita e do falso moralismo


Perdemos muito tempo com mosquitos

Enquanto isso os camelos passam e nos atropelam
Deixamos o trem da alegria parar de apitar seu piuí piuí lá pras bandas de Piauí faz é tempo
Agora será que vamos ficar no meio dos trilhos só a lamentar?


Tá na hora de se determinar e conquistar o que queremos, sem forçar a barra jamais
Azar dos amores que não souberam me amar, agora vou amar quem e o que vale a pena
Você tá comigo? Vamo simbora!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

(Re)Voltas da Vida

Toinhonhôin
Mola que bola que rola-rola
Olhar pruns cachos e me enrolar neles o tempo todo o tempo
Decola descola e cola em mim e não desgruda mais

Enquanto no mundo o povo perde tempo com direita ou esquerda
Eu quero apenas seguir em frente pro lado que vale a pena
Pro lado de alguém que faz sentido para mim
Ao lado do Senhor eu sei que há um lado bom nesse dado que não estará viciado

Meu cubo mágico desarrumado feito o armário do meu quarto
Nos míseros defeitos que temos não encontrar empecilhos para ser feliz
Isso importa mais do que esse bando de regras de uma sociedade tola
que infelizmente não olha pro seu nariz nem pro que diz de si mesma

É melhor viver de boa e não gastar a toa nossos sentimentos
Deixar que os tormentos e tormentas se acabem por si sós
A bonança nos dará o tempo certo de a gente se encontrar de verdade
Com a felicidade que só o Senhor tem pra nos dar