Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Mauna Loa na Erupção Romântica

Queria me conectar com tudo que desconectei-me nessa dial-up perdida no tempo
Quero uma banda larga 4G a 1000 Gb por segundo, uma Harley à 160 Km por hora
Pra chegar no fim do horizonte dessa supostamente infinita Highway
E lá na estação final ter a certeza que irei obter um sorriso de sua boca maravilhosa

Chega a hora de dizer chega e dar um basta nesses nãos, nuncas, jamais, seja lá o que mais
Eu quero na conclusão saber que nenhum capítulo ficou pendente pra trás contra mim, ti, contra nós
Todo engraçado não falará agora, cala para sempre por não ter o que dizer enfim
Toda boataria de beira de muro do vizinho ou de Facebook, Whatsapp, virar spam na lixeira da vida

Nem 8 nem 80, quero que aos 40 a coroa seja valiosa, na minha cara de quase 30
A vitória, a terra prometida, a linha de chegada, o ".", teu coração e mente completamente
Enquanto alguns só falam no fim do mundo, eu quero ser a luz desse pobre coitado maltratado
Minha lanterna dos afogados ainda aponta em tua direção, me pesca pro teu barco sem furos

Essa praia não vai me ver morrer mais ao nela chegar após o Atlântico atravessar
Pacificamente as ondas carregam minha mensagem de náufrago nessa ilha tentando chegar na tua
Ponte Pênsil, passarela gigante, bondinho pra no topo desse pico resgatar você dessa nevasca
Fazer o verão nevar calor e derreter a avalanche que tenta enterrar vivo e a todo sonho matar

No meu acordar vi que não tenho você nos contatos favoritos de minha rede social, você escapuliu
Mas é que no virtual a graça do real não passaria de uma desgraça irreal, quero você de forma legal
Legalizar apenas plantar a semente do amor que nos leva pro novo Éden fora do normal
Psicodelia seria pouco pra definir as cores que pintaremos juntos esse crer tão preto-e-branco




Homenagem a uns engenheiros moradores das ilhas do Hawaii...

sábado, 28 de janeiro de 2017

Brega 3 - Ultracafona

Enquanto muitos correm atrás da mais nova novinha do bairro
Enquanto muitos tão na porta do colégio aliciando suas filhas
Enquanto um monte correm atrás da última notícia do jornal
da defesa do seu manual de comunismo ou direita radical
Enquanto muitos caçam motivos pra se dizerem superiores
Enquanto muitos dizem defender a moral e bons costumes
mas não perdem tempo dando uma pulada de cerca virtual

Eu luto pra ser fiel, aos meus princípios, à minha fé, ao que é a fidelidade, a você
E sou assim cafona demais, trouxa demais, tolo demais, velho demais, brega demais
Eu corro do que me afastaria de você pra sempre, eu corro até você pra te resgatar
E sou assim lerdo demais, besta demais, bobo demais, inocente demais, superhipermegaultra
E não vou mudar, pois que num mundo de politicamente corretos que são incorretos com o amor
Eu prefiro transgredir as supostas regras desse sisteminha pós-moderno tão infantil
Eu quero ser a semente que trará com você os frutos do Deus que em amor vai muito além

Além de um beijo, além de um abraço, além de um aperto de mão e até de uma cama perfumada
O amor eterno é cafona pra uns, mas custou muito caro ao Seu Criador
E apesar de tão dispendioso preço a Ele, distribuiu pra mim e você gratuitamente
Agora é hora de vivermos juntos e contaminar esse planeta tão "moderno", tão deserto e sem sal

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Brega 2

Eu sou desses que cultiva rosas no jardim, margaridas, magnólias, lavandas, jasmins
Eu sou desses que passo horas rabiscando num papel ou no PC um poema fantástico
Eu sou desses que sonho acordado e fico com medo de bater num poste no meio da rua
Eu sou desses que idealiza uma foto na parede central da sala de estar com nós dois abraçados
Eu sou desses que lembra das datas mais marcantes, e até da árvore debaixo de onde nos beijamos
Eu sou desses que sabe que o escurinho do cinema é um lugar perfeito para darmos as mãos
Eu sou desses que vai abrir a porta do carro antes de você sair e vai te dar a melhor cadeira na mesa
Eu sou desses que seria capaz de aprender a tocar violão pra ir à janela do seu quarto e cantarolar
Eu sou desses que sou chamado de trouxa, brega, retrógrado, abestalhado, até machista, vai saber
Eu sou desses que nem ligo pra essas baboseiras de cima e continuo sendo um desses
Eu sou desses que desde criança sonhou em casar e ter filhos, quando todos só queriam ser o Batman
Eu sou desses que se fosse o Batman ou o Superman seria só pra te salvar e ninguém mais
Eu sou desses que não volta atrás do que Deus me ensinou sobre como vale a pena amar alguém
Eu sou desses que acredita no eterno, no "impossível", na fidelidade a todo custo e à toda dor
Eu sou desses que sei que as vezes vai doer, vamos ter problemas, mas juntos venceremos o mundo
Eu sou desses que quero construir não uma cama de sexo e prazeres temporários só e somente só
Eu sou desses que pretendo descobrir dia a dia como fazermos juntos um porão de segredos só nossos
Eu sou desses que tô louco para ir não além de sutiãs e calcinhas, mas além do espelho, até sua alma
Eu sou desses que imagino como será bodas de diamante nós dois numa praça lembrando toda a vida
Eu sou desses que temo a morte ingrata fazendo de tudo pra nos separar ever
Eu sou desses que desejo te deixar marcada em mim, me marcar em ti, além dessa vida inclusive
Eu sou desses que escuto só "sonho besta, para de ser desses aí, seja feito nós, pegue sua novinha aí!"
Eu sou desses que não me importo com essa zombaria, só quero me importar é com você e só
Eu sou desses.
Eu sou desses que você sempre sonhou.
Eu sou.

Vem ser dessas pra mim também.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Dodôs no quintal (com peixes-boi de Steller na lagoa)

Seria tão fabuloso se houvesse um paraíso misterioso
Onde todos os pobres seres que nós lançamos à extinção
Estivessem todos lá, salvos, em paz, distantes de nossas mãos desastrosas

Onde só os melhores de nós desfrutaríamos de dodôs no quintal
e na lagoa ao lado peixes-boi de Steller brincariam com os araus gigantes
Veríamos traças rabo-de-andorinha e esfinges cintilantes flutuando com suas asas fantásticas
Rinocerontes negros e quagaas passeando pelos pomares
E uivando os lobos-da-Tasmânia e o lobo negro da Flórida estariam à rainha lunar

Mas tal qual tacanha e mesquinha a mente humana que não soube cuidar desses e de tantos mais
Tornando-os somente reflexos de um tempo que não voltará jamais
Assim também tornamos lentamente extintos coisas as quais deveriam nunca sair de nós
Mas assassinamos dia após dia cada espécime de virtude existente em nossa mente e coração
Cada vez menos compaixão, misericórdia, verdade, mansidão, alegria, paz
Cada dia menos lembramos o que significa AMOR

Nossas armas clamam por arrebentar cabeças de bandidos como o de bisões das florestas orientais
Nossas facas clamam por eviscerar seguidores de ideologias rivais tal qual tartarugas de Galápagos
Nossos venenos clamam por eliminar crenças alheias como os rios poluídos das rãs-leopardo
Nosso engano clama por destruir relacionamentos e paixões como a pobres espécies indefesas

Seria tão fabuloso se houvesse um paraíso misterioso
Onde eu e você pudéssemos viver nosso amor tão raro na natureza
A salvo, em paz, distantes de mãos desastrosas dessa sociedade tão suicida

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Brega (Mas não o Bregoso)

Olhar para o espelho e ver o quão antiquado sou
Ser do tempo em que se levava uma flor pra menina que se gosta
Eu sou desses que gosta de admirar sua foto, seja física ou num celular
Sou desses que beijaria essa fotografia imaginando que fosse você aqui comigo

Eu sou brega
Eu sei bem

Mas pelo menos não sou como os de hoje em dia
Que só querem sua genitália e não serem completamente entregues a ti

Eu não quero só você como um passatempo, um tira-stress ou uma muleta pra mim
Não quero você só pra preencher alguma carência infantil ou fazer fama entre outros caras
Eu quero você em carne e osso, mas principalmente quero o que vc é além do espelho
Eu quero te dar de mim aquilo que só Deus e o meu coração sabe bem de mim mesmo

Mas vejo ao meu redor pessoas me julgando, tentando saber de mim mais do que eu
Mas vejo ao meu redor pessoas machucando as outras, entendo seu temor de eu ser mais uma
Pois eu também tenho esse medo. Confesso, amorzinho meu.
Mas medos existem para serem vencidos. Amores existem para ser desfrutados
Vem então desfrutar essa tarde de verão, esse por do sol, tão brega, tão amoroso como eu por você

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Fanfic

> Século 2017
> Eu queria muito resolver seu coração destroçado
> Quiçá descobrisse como resolver o meu
> Você diz "relaxe"
> Como, se não tenho teus braços pra relaxar?
> Eles tão longe pra cacete
> E ainda que perto certo que você os manteriam cruzados
> Eu admito que sou um péssimo salva-vidas
> Preferem morrer a um boca-a-boca salvador meu
> Eu sei, talvez eu optaria isso se meu candidato a salvador fosse eu mesmo
> Romantismo não combina com fanfics
> Cadê a treta ou lavagem de roupa suja?
> Cadê a historinha criada pra dar drama na vida?
> Eu sou péssimo inventor
> Criei isso só pra de uma forma diferente demais
> Dizer que quero somente o amor Eros bem gostoso
> Deus, vê se manda essa encomenda o mais rápido que der
> O destinatário eu tá numa crise de abstinência irreversível
> Cansado de ver Misfits e ouvir filmes de terror da vida real
> Ter um motivo pra uma mesa e velas e rosas e vinho tinto
> Ter um alguém pra um motivo pra uma mesa pra tudo acima
> Mas invés de cantar "Hey little girl I wanna be your boyfriend"
> Eu ainda grito a plenos pulmões "STATIC AGE STATIC AGE!"
> Duvidosamente alguém dará atenção
> Século 2017
> Alguém poderia dizer se aquele cadáver ali na frente é o meu
> Ou é só uma visão do meu futuro suicídio
> Desprezo
> E não terão noites dos mortos vivos pra eu dizer
> "Voltei meu amor, agora vim te buscar"

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sonho Pedindo Socorro (pedindo sua mão)

Já me chamaram de poeta do caos - um baita título por sinal
Mas o caos de meus poemas só reflete o terror lá fora
E o meu terror por não suportar esse exterior agredir meu interior

Talvez seja o mesmo que você, bela sereia, tanto passa
Cansada de vilões na sua história, eu também
Mas eu juro, se é que posso, se pudesse eu quereria ser seu mocinho somente

Aquelas ondas que vieram como gotas em silêncio estão voltando
Queria que elas nos levassem pra um oceano aberto só nosso
Nos afogando em seus braços, nossos abraços, num braço do mar

Como é que se diz eu te amo? Me ensina explica descomplica dá uma dica
Pra eu acertar a rota principal que faz teu coração bater loucamente
Não bater no travessão e voltar, mas fazer um gol pra vencer o jogo

Lá fora pessoas sem coração chamam isso de pedido desesperado, chororô
Eu chamo apenas de sonho implorando para se realizar
Implorando pra ser realidade sua e minha, nossa, una duma vez só

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Hard Core (para uma Sexta-Feira 13)

Eu pensei num subtítulo. Ia ser "Casca Grossa é Pouco", mas eu ando pretensioso demais
Ademais, nem sei se minha casca tá essa grossura toda mesmo, mas hardcore eu sei que tá...

Não vai ter pornografia, nem softcore inclusive, perdeu seu tempo, feche sua braguilha por favor!
Nem sei se esse poema vai terminar lembrando música de Bad Brains, Lust Control ou Black Flag
Mas prepare os olhos ouvidos ou seja lá o que você usa pra interagir com esse mundo incomunicável
Eu falarei palavras caladas pra moucos loucos roucos ao meu lado nem darão ouvidos

Se eu pudesse implodiria cada câmara municipal prefeitura assembleia legislativa palácio de governo câmara dos deputados senado ministérios palácio presidencial tribunais de justiça
Com todo mundo dentro e não sobrar um maldito sanguessuga humano vivo
Mas a Chikungunya não me deixa levantar meu traseiro dessa almofada pra acender os pavios

Minha paixão por você te vale tanto quanto a que eu sinto pela Marina Ruy Barbosa pra ela
Vale tanto quanto uma nota de um real ou uma moeda de um centavo
Do jeito que esse Brasil tá nadando com a corrente rumo à fossa daqui a pouco 100 reais valerão tanto quanto estar sem reais

KIKIKI... MAMAMA... KIKIKI... MAMAMA...
Morte a toda a hipocrisia de quem reclama de um mundo imundo mas espera a Globeleza nua rebolar
Cabrum rataplam metralha a bateria que esses mortos vão subir da tumba

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Quintilha Sem Modéstia e Sem Vergonha

Lá fora na Dreamland um imbecil louro podre de rico disse que vai ser um enviado de Deus
Aqui do lado um calhorda grisalho vai sugar nosso sangue e fazer o que até o diabo duvida
Escuto um rapper mandando um f*#$ you a todos dois e quem mais bancar essa banca de bom
Pois sepá nem Jesus é mais santo que esses santos de pau oco e dedos a menos nas mãos
e o que lhe faltam de dedos eles compensam passando os que têm nas nossas poupanças

Já eu nesse meio todo olharia e riria desse saco de dejetos ambulante que tantos veneram
Tal como violentamente entregam seus fundos de garantia virginais a preços de banana
Qual banana vai colocar a sua dessa vez nessa fossa estercoide, sem censura nem recortes
E quem reclamar que se corte lá no seu quarto escuro implorando a Deus por um suicídio pacífico
E uma passagem de ida e só isso rumo ao lugar que fará o sertão do Ceará parecer o Alaska

Qual falo falarei agora no próximo brega funk ou o som barulhento pornográfico do momento
Pra socar e estuprar seu sistema auricular de mensagens orgásmicas masturbatórias, beije-o
Empina nesse supino o seu órgão duplo que torna outro órgão duplo muito ereto e ativo
Ele quer sua passividade, e você depois vem falar em dignidade feminina, que mina linda
Rebola mais um pouco pra ver se alguém mais notou sua melancia sair da cabeça para baixo

Religiosos puritanos falsos moralistas liberais de sua liberdade e de mais ninguém libertários do nada
Chorando ao ler essa quintilha de versos livres e brancos de terrível sarcasmo ironia humor negro
Um negro como eu não precisa agir como um homem imbecil inseguro tabacudo retardado
Ninguém além do Deus celeste é digno que eu me lance a seus pés tampouco me rasteje
Não vai ser você a primeira usurpadora com vontade de ser deusa que me fará escravocetar

Esse bando de valores desvalorizados não fazem parte de meu modo de viver, pra mim é lixo e "."
Se incomodou eu não faço muita questão porque me amar é coisa pra quem sabe o que é bom
E desamar é escolha de quem prefere se estragar pra lá, eu respeito suicidas de sonhos valiosos
Eu fico aqui numa Heineken ou num Quinta do Morgado brindando sua grotesca cagada na vida
Enquanto espero docemente uma pessoa que saiba valorizar o que faz bem pra ela até à morte: EU!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Associação dos Chupadores de Limão Brasileiros (ACLB)

Amor aparece descontrola o controle tédio e medo do medo de ter medo do amar
Derruba essa monotonia monocromia troca de mono pra stereo meu coração estéril
Na calada da noite calados ficam esperando meu mergulho no bueiro sem luz
Nem a lanterna dos afogados me fará visível à tua miopia sentimental, meu bem

Se eu sei que me faz mal, toca essa birosca afinal, desce duas, desce mais mil litros
Arrancar um pedaço teu que seja maior do que o que tu já me arrancaste e comeste
Ao Deus dará não deu em nada nem nada me deu Deus por ficar só a esperar cá
Quem espera nunca alcança a não ser que espere correndo e não só espera lá na sala de espera

No cruzeiro o comandante ditador doente presidente não está presente na real
No museu de um passado meio perdido quem vive dele diz que é o melhor presente futurista
Saco cheio desse vazio que tá pior que o cérebro desneuronizado dos consumidores de maconha
Que ali fora ainda pagam de fodões sem ter dinheiro pra pagar nem o matagal de capim que comem

E ainda tem cretinas capazes de dizer que eu atiro para todos os alvos perdidos balas fedidas
Sua insensibilidade e estupidez não tenho culpa que você a tenha, sua puta imbecil!
Eu desejo apenas um imbecil amor verdadeiro que seja mais imbecil do que esse imbecil aqui falando
Se você é imbecil demais para não entender ou querer essa imbecilidade, seja imbecil assim pra lá

Igual essa chuva que apareceu sem aviso e convite pra inchar minha rinite e sinusite de estimação
Invasoras que virulentamente violentaram coração cretino feito esse meu coração bobo bola balão
Nem São João, Pedro ou Antônio saberia atender essa prece que parece nem Deus dá mais bola
"Eu quero um amor, o amor, amor, não essa dor que essas crianças fazem com seus brinquedinhos"

Não quero as maquiagens que maquinam e maquilagem pior que soco de Maguila me marcam
E cuspirei seu batom cor de sangue que sugaste do pescoço desse idiota sabor noz-pecã
Ao ponto de virar limão, não lima limonada laranja toranja minha falange na garganta
Vomita bulimicamente rumo ao vaso sanitário a pílula suicida chamada você, nunca mais

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Elegia de Amizades e Amores Falecidos

Meu lado cego, ponto cego, alma cega de um cego coração de olhos em catarata e astigmáticos
Estigmáticos e enigmáticos, pode agradecer, amei você, inda que vã tolice perder tempo assim
Me tira daqui ou eu me tiro ou eu me atiro e atiro em você o que vem na minha cabeça ou frente
De costas dou as costas pro mundo que encosta em mim um tiro à queima-roupa de decepção

Por isso fujo e vou pra todo lugar em que você não é sequer uma mísera miserável lembrança
Esqueço que lembro o tempo todo das decepções que beijam meus lábios antes de escarros
A ruína dos amores que Deus não era Deus deles, nem o amor era o amor, só os restos de nada
Não são olhos que me veem, apenas fantasmas sem saber assombrar, só são-me peso morto

Meu jardim do Éden sem árvore da vida, consumido pelas pragas nos pomares, locustas nas flores
Meu fruto da ciência me fez ciente de nossa burrice, me fez regurgitar o que não pude sorver
Demore, devore, chore ante o chorume o qual outrora foi meu sentimento perdido lá atrás
À sua frente só os restos da esperança que desesperei-me de ver seu sorriso ao eu ir aos teus braços

Não mais semearei esses campos perdidos por seu próprio adubo envenenado de sua saliva
Ativa a cannabis sativa parece mais uma saída, junto com um trago, um copo que te traga
Mas a draga carrega até o maior dragão, a morte mata aos poucos sua vida morta-viva
Não deixo-vos minha pena, pois está ela ocupada escrevendo esses versos corroídos e doídos

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Febre Assassina

Você é a saudade de quem?
Eu queria ser a sua
Para fazer dessa saudade um óbito
Envolvido em teus braços carinhosos

Minha preciosa ilusão de que existes realmente, interlocutora imaginária desses versos vãos
Desses versos que morrerão comigo e serão enterrados numa cova eternamente solitária
Só os vermes morarão do meu lado, mas tão somente para consumir minha carne estúpida
Eu juro que meu dia tá tão chato que eu gostaria de morrer um pouco só nessas ocasiões estapafúrdias

Mas juramento é uma burrice sem tamanho
Pior que tatuagem falando de amor, mas não do amor e sim de um desejo erótico que se acaba
na primeira ruga, pneuzinho, celulite, estria, cabelo branco ou outra borrada qualquer na carne fétida
Assim deixamos uns aos outros assim tão só

Meus olhos vermelhos cansados estão de chorar, igual aos do Roberto Carlos
Cansei demais de ser uma fera ferida no corpo, alma e coração
Tantas as quais passam como folhas secas do outono nesse verão infernal
Queria congelar a primavera mais gelado que o inverno, mas secaram minhas flores e sementes

Quando os decotes somem e as maquiagens borram
Quem é você de verdade?
Há verdade ainda para um mim tão sem mim?
Lamentarei forever and ever o meu provável fim

 "O amor é uma fogueira, é fogo que ateia a candeia do coração
É o sentimento mais profundo, mais bonito desse mundo... é o amor
Só o amor faz a gente ser feliz, só o amor nos faz olhar pra frente"
Mas o mundo anda tanto de marcha a ré... por que somos assim?

(Poema escrito entre 02 a 04/01/2017)