Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Complexa Compleição em Completude da Completitude

O que sei de mim é que a solidão me fez forte
E se caso tiveres sorte, saberei dividir o que de melhor comigo guardo
Aguardo até você ter a chance de ver em mim de tua fome a morte

O que sei de mim é que sofro de uma terrível deficiência ocular
Tenho deficiência lacrimal
E chorar no final é algo que não perco meu tempo mais a me derramar

Eu te quero ser teu suplemento - e você meu seja também
Para ampliar a nós mesmos como dois-em-um
Não desejo eu complementos - já completo sou a anos, ainda bem
Que você também já entenda-se assim, sem me querer como complemento algum

Cansado dos Goebbles da mídia da esquerda e direita
Repetindo mil vezes as mesmas sinceras mentiras pra me convencer
A polícia do pensamento tá dos dois lados da moeda nessa rota rôta e estreita
Meu crimideia de ti impessoa de duplipensar bempensante, seu negrobranco, não vai me crimideter

Damnatio Memoriæ, o melô do drama é minha comédia
Tão pouco engraçada quanto a desgraça pouca de boba do diário e obrigatório programa partidário
Macaco vê, macaco faz... e duvidosamente entenderia as tramas dessa tragédia
Acompanhantes de baixa classe querem que ejetes todo o teu erário

Eu prefiro gastar com meu eu e seu se o teu souber dividir
os fardos e jugos sem culpas nem medos
Aprender de mim e dos pensamentos tolos, ideológicos e fugidios desse sistema fugir
Nenhuma explicação que só complica, deixa lá fora, fecha a porta do quarto, dá-me teus segredos

Se chamas tua magia de branca ou negra, não me importa
Não quero teu feitiço, sortilégio ou encantamento enchendo meu saco em minha porta
Amor não é prisão sentimental
Ou isso é verdade ou seria eu apenas um estúpido débil mental?

Daí escuto A Lâmpada de Edison acesa pelo Joelho de Porco a cantarolar
que "hoje é o passado do futuro", e o futuro é só o hoje e o ontem a gritar
Que a abominação da desolação fique bem longe de meu viver
E o teu venha a ser mais que mais um, sejamos um conjunto de completos a em tudo se entender

sábado, 23 de setembro de 2017

Aguardando mais um fim do mundo comendo bolacha maria e tomando vinho falsificado


As notícias lá fora do coreano e do americano em uma partida de telecatch com socos nucleares
Correndo por fora da competição iranianos, indianos, chineses, russos e alguns não confirmados
E no Brasil todos esperam qual o próximo que rolará Planalto abaixo junto com os empregos do país
Mais é claro que o sol vai voltar amanhã, se as previsões mais uma vez se confirmarem em fracassar

E eu ficar aqui na minha cadeira de praia de óculos de sol e sunga cor verde-mar
À beira mar de Rio Doce aguardando mais um fim do mundo
Comendo aquela bolacha maria que algum tapado vai discutir comigo e chamar de biscoito
E tomando vinho falsificado por falta de grana pra um português - quiçá uma água de côco, vá lá

Se tiver a fim de assistir outro espetáculo do crepúsculo dos humanos-deuses brincalhões
Aqui do meu ladinho, eu ofereço uma sombra maior em meus braços que o guarda-sol ao lado
Quem sabe numa semana na semana que vem mudem de ideia ou comecem uma nova sessão das dez
Com um trem das sete trazendo mais arautos da morte certa aguardando o próprio suicídio ideológico

Sabichões coletaram espionaram captaram seus drones protozoários de suas patologias paranóides
Parabólicas que não transmitiram pra mim esperança alguma, não transmitirei o dial pra você
Prefiro dessa long neck da sua vida sorver os detalhes tão pequenos de você
Vai que viram de nós dois com registro irrevogável de comunhão de bens recordatórios do viver

Quer ser minha Marla Singer e ver eu Jack Narrator mandar meu Tyler Durden pro inferno
E junto com ele todos esses edifícios de problemas, dúvidas, caos, miséria blá blá blás mimimis?
Terminar tudo num quarto iluminado em parafinas, das delícias paladares das núpcias divinais
Enquanto lá fora o mundo continua a acabar mais uma vez e o nosso está só por começar...

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Jogando Amarelinha Sobre o Brejo das Almas

Nesse mundo pantanoso
Em que governam dois sapos-boi
Disputando pra ouvir e ver
Quem infla mais o seu gogó
E dá o grito mais ecoante
Será que a bomba falará mais alto?

Quando o sim sempre nega o não
Será isso a liberdade da escravidão?
O crer patrocinado midiaticamente
É tão-somente um crer padronizado
Manipulado por ateus brincando de deus
Redigindo sua bíblia num alcorão
sobre uma mesa branca guiado por uma ouija
(Mamom seja louvado!)

Nessa vida amarelinha
Já fui aos pulos resgatar pedras
Do inferno ao céu basaltos de coração
Pelo calor do amor em fusão
Verteram qual o sangue do Crucificado
- Tenho uma porção pra dois tonight, baby
Quer ter a honra de comigo desfrutar?

Ou vais continuar do lado de lá da amarelinha
Aonde as duas primeiras estrofes são tudo o que existe
E nada mais resta?
...
(Nada além dos vãos lamentos mudos
Caindo nos ouvidos de um sistema surdo
No brejo das almas
Nosso vil mundo
De sapos se passando por príncipes e reis

sábado, 16 de setembro de 2017

Carta de Suicídio

Estou me matando
Diariamente, com doses letais controladas de sociedadecidina
Somadas com pitadas em pó de politicagermina
Em cores azul e vermelha, do gosto do cliente, ainda que de custo e efeitos iguais

A motivação talvez é simplesmente uma doença
Chamada faltadeopçãomielite
Não há outro mundo nesse sistema solar ou galáxia que dê pra eu escapulir
Só em outra dimensão o Cão do Céu continua a guardar um descanso pra minh'alma atormentada

Se essa carta encontrada for dilacerado estarei
Num sarcófago aguardando meu retorno embalsamado estarei
Pois nas estrepulias dessa vida me estrepei demasiadamente
Agora resta-me aguardar noutra vida longe desse vivermorrer no sistema corrupto daqui

Daí aquela canção da Marlene Dietrich me relembra que
a gente tende costumeiramente escorregar tropeçar e cair em paixões novamente de novo
Essa carta mostrar-me-á que eu de fato matei-me
Matei a minha vida tola e decidi nascer de novo melhor ainda só para você, bebê de olhos de mel

Prefiro viver morto pra esse planeta bobo que não valoriza-nos em nada do que é bom mesmo
que encher de hits do bundalelê jabazístico brazucal e terminar no lixão
Meus CDs e livros e eu os recolhendo e aumentando o efeito estufa
Com o lixo que um dia eu escrevi e tantos consumiram até passarem mal e vomitarem em mim

Não sou guiado pelos decotes nem seios espremidos para fotografias virtuais de derrubar queixos
Eu prefiro manter minha mandíbula em seu lugar, inda que ela trema com esse criogênico mundo
Almas congeladas em promoção expostas na sorveteria em leilão infernal
Eu prefiro continuar morto para não ser magneticamente sugado para esse freezer satânico

"Eu sou um homem emocional
homem emocional com lágrimas obsoletas
acho que sou apenas um homem emocional
homem emocional com sentimentos fora do lugar"

Concluo essa carta de suicídio
Com um final abrupto de um viver para mim mesmo
Deus que viva em mim e por mim, assim poderei viver enfim
Para poder ter vida a dar para ti e para todos que me lerem assim

Ass: JD

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Experimentações I

Abstracionismo


ABSTRATO
   ESTRATO
       TRATO
        TRÁ?
               TÔ!

___________________________________________

Ciclo Cultural


   L       I
      DO
X            O

O            X
       Oɐ
   U       L
    
 
__________________________________________

Legiscídio do Artigo 128

F de Falsa libertária
E de Estupidez
M de Mentirosa
I de Ignorante
N de Nonsense
A de Assassina
Z de Zureta
I de Imbecil

__________________________________________

Tabuleiro de War

Crimes de guerra
                 guerras
             que
Crimes?
                 guerras
              são
Crimes
           ou não?

Depende do ponto de vista de quem faz
                                            de quem luta
                                            de quem foge
                                            de quem morre
                                            de quem lucra
               com
                  guerras
Crimes?
                        ONDE?
__________________________________________

Viagem de Tiago à ilhas da Oceania

TAITI
TAÍ
      TI?

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Convite a minha querida

WOUNESSA.
WAINESSA?
WAM'NESSA!

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Por ora é só

(Experimentações feitas entre 1 a 11 de setembro de 2017).

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Insanamundi


Mundo insano mundo
Em que morte vira notícia principal
Em que corrupção é atração máxima
Em que traição é cousa normal
Em que eu não me sinto nele em ele mais a tantas luas anuais atrás

Ah mundo insano
Onde as estrelas supostamente guiam mais os caminhos nossos que nossos pés e vistas míopes
Onde sonhamos alto tão tão alto aguardando tão-somente derraparmos ao abismo fatal do fracasso
Onde não sei nem donde nem pr'onde haveria uma rota pra não morrer no maremoto bem na praia
Onde tacha-se como loucura o que faz bem de verdade e celebra-se a normalidade da autodestruição

Ah mundo insano mundo
"Se meu nome fosse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução"
Mundo vasto mundo - devastas meu coração
Até quando, cruel insano mundo?

Ah insano mundo
Que não me destes a fausta sorte de deparar-me em vida ao vivo com uma bem-aventurada peregrina
Me fazes lamentar o nefasto azar do distanciar-me progressivo de meu ser para o da que venero
Musa desse mundo insano mundo que ensandece-me ao contemplar teu oriental mistério no olhar
Teria eu como desvirar essa rotação insana do mapa-mundi e enfim abraçar-me realmente a ti?

terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Cabrum


Cabrum
Há quem diga que tudo começou de um
Alto, claro, no vácuo vazio infindo
Não sei se assim procedeu, mas que tudo foi como uma explosão de vida, ah se foi

O cabrum do coração no útero materno
Anunciando que nova vida vem
Será mais um que nascerá já com uma "bênção" sem ser sua culpa?
Ou mais um que nasce pra liberdade e crescerá para morrer crucificado pelo sistema?

Em cabrum terminam-se relacionamentos por vezes
Desfaz-se as amizades, em especial as tão atualmente virtuais
Quando o embate, diferenças irreconciliáveis pelo muro do orgulho mútuo estúpido
Capaz de afastar até quem mal se conheceu num match desastrado de um Tinder

O cabrum de uma pistola, um revólver, uma AR-15 ou uma shotgun
Em cheio causa um cabrum no ziriguidum turuntuntum cardíaco humano ou animal
Violentamente encerrando a orquestra sinfônica de mais uma vida
Por todos os motivos do universo que se resumem à palavra "injustificável"

O cabrum é um som desafinado teleguiado
Que em fusão nuclear desfaz-nos em partículas subatômicas
Um presente de grego de coreanos, russos, hindus, paquistaneses ou estadunidenses
Qual remetente nos trará essa carta-bomba para nossa caixa postal?

Cabrum
Há quem diga
que tudo terminará em um
Cabrum

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O cabrum tenta calar o amor, silenciar nossos poemas
Mas ainda que consuma-nos como as rosas de Hiroshima e Nagazaki
Nosso perfume de alguém que ama de verdade não se extinguirá jamais
Num mundo que restarem somente baratas e escorpiões, os que amaram não morrerão completamente

"No mundo, em cada face
Há ansiedade, uma grande expectação
O que virá?"

(S8 - O Que Virá!)

Homenagem aos poemas "A Bomba" e "A Flor e a Náusea" de Carlos Drummond de Andrade e "Rosa de Hiroshima" de Vinicius de Morais. Alguns trechos extraídos de "Até Quando Esperar?" de Plebe Rude, "Crucificados pelo Sistema" de Ratos de Porão e "Erupção" de Catedral.