Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Desfribilador

E então eu cai
Senti minha cabeça acertar contra o solo
Concussão, o cérebro socou contra a caixa craniana
Me levando ao coma junto com meus sonhos

E então eu cai
O avião do meu viver descia vertiginosamente
A força G me jogou contra a fuselagem traseira
O motor picotou tudo o que eu acreditava

E então eu cai
Cai na real de que meus reais não valiam nada
Não comprariam minha felicidade
Nem me ajudaram a conquistá-la, só a me entorpecer

E então eu cai
Cai da prancha à espera de ondas azuis de um olhar
Que carregassem a maresia verde-musgo que me cobriu
Mas o mar é cego e só fez me afogar

E então eu cai
E não queria me levantar
Não confiei nas mãos que me ofertavam
Nem esperei mais esperança pra aliviar os choros que viriam em enxurrada me carregar

E então eu cai
Do pináculo do meu castelo de areia
Quis deixar meu corpo escorregar suavemente como pena
Mas ele viraria um chumbo pesado e me esfacelaria por inteiro

Só Deus poderia desfibrilar meu coração
Para que eu visse novamente chances de viver
Em meio ao pó, cinzas e ruínas de minha cidade santa
Reconstruir um templo para glorificar O Único motivo de eu existir

Nenhum comentário:

Postar um comentário