Freaking Show

Sabe aquelas danças bizarras de marinheiros musculosos em bares estadunidenses
Que os filmes de Hollywood e David Bowie tanto chamavam de show esquisito?
Acho que eles jamais imaginariam que nós um dia estaríamos no alto dessa mesa de bar
Despindo as vergonhas num passinho que faria nossos avós infartarem de tão obscenos
E o mais legal disso tudo? Hoje em dia adoram isso
Eu devo ser um troglodita mesmo de se chocar com tais psicoses sexuais expostas tal qual um prêmio

Esse diamante louco que vos escreve em seu brain damage parece ignorar que reclama em vão
Que sua vizinha vulgar vai continuar tocando bem alto suas barbáries
(O resto dos versos eu preferi me autocensurar pra não pagar processo por mimimi externo)
Quem sabe um dia essa banda que ela curte decida tocar melodias diferentes
E eu possa enfim a ver do lado escuro da lua
"I can't think in anything to say, except: I think it's marvelous!"

Eu sinto o mundo girar ao meu redor
Não é possível que seja eu o único que não vê encaixe nenhum no que glorificam aí fora
E colocam na conta de Deus e na sua Santa Glória absurdos tão grotescos
Acho que são os efeitos do simulador de LSD chamado mundo virtual
Ou será que eu realmente estou psicodelicando demais por aí afora?

As portas do delírio estão arrebentadas, meu asilo cerebral escapuliu
Ou será que na verdade Simão Bacamarte estava certo e os loucos estão lá fora do manicômio?
Minha poesia é um clamor inconsistente de um desiludido qualquer que deveria se matar duma vez?
A idade da insanidade é a única era de aquário que poderia realmente existir
"I get up, I get down, I get up, I get down"
Qual a próxima parte de nosso circo dos horrores vai aparecer pra gente?
Parece que os espectadores são mais propensos à loucura que a atração principal no palco da piração

Notícias de uma guerra particular
Poderia ser polícia estatal contra traficantes ou milícias insanas ou contra o povo inteiro
Mas nesse caso é só meu caos descerebral
Nem meus versos ou minha lírica seria capaz, ainda que de maneira dadaísta que fosse
Transmitir com precisão a insanidade completa que vejo no ar
Tomamos a ceia, só não sei se santa, alguém realmente discerniu O Corpo?
Vejo a nós condenando a tudo e todos e automaticamente nos condenando
Enchendo a medida de maldade de nossos pais com muito mais mal que eles seriam capazes

Nosso teatro de Vaudeville se mistura com um Monty Python
Com algumas poucas centenas de humoristas tornando milhões em objetos de ridículo
No lugar sacrossanto onde outrora colocava-se um nome acima de todos
Eis esse vil cabaré que tornou-se!
Em diabólica sincronia levantemos nossas pernas
Esperando os olhares sedentos dos urubus a desonrarem àqueles que deveriam ser os que mandam
Os usurpadores permanecem fazendo seus discípulos dedicados com lavagem cerebral ativa
Um 1984 pervertido, um Admirável Mundo Novo versão hardcore
Quantos cinquenta centavos conseguem se equilibrar na mente de um psicótico?

"Não há sentido na Justiça sem Liberdade!"
O hipertexto que consome o contexto é pretexto para o meu detesto
E também pra minha voluntária escolha por uma cama quente, minha maca particular
Onde me conservo em minha internação no silêncio manicomial do meu quarto
Só com medo de as formigas de fogo entrarem por minhas enormes narinas e me sufocarem

Estou abalado porque como poeta devo ser só um sonhador tolo pra sociedade aí fora
Uma fraude, uma farsa
Não sei se tenho alegria ou me conformaria em saber que ao contrário do que diz um cantor gospel aí
Eu, tal qual Abraão, morrerei sem ver as promessas cumpridas
Quem sabe a minha posteridade - caso eu a tenha - tenha mais sorte que eu

Deveria eu continuar a poetizar?
Acho que ninguém nem chegará a ler os últimos e desesperados versos
Pra entender ou tentar me salvar desse freaking show

(Deus, me tira desse Hospital Colônia em que a vida me trancou e tacou a chave fora!)

Space (or Olindense, Brazil) Oddity

Os olhos do Grande Irmão parecem muito famintos
Sedentos de fofocas e prejulgamentos vãos
Já não me basta ter de reconstruir cada pedaço do meu castelo erodido
Ainda tenho que lidar com quem do outro lado grita "Iludido!"

Em prol do seu nariz cada um segue
Alguns preferem viver da gripe alheia eu pressuponho
Não podem ver ninguém tentar voltar a ser feliz
Que se metem e ainda dizem "fi-lo porque o quis!"

Nessas horas queria ser como um coral
Ficar estático e belo em meio ao quebra-mar
Mas nem assim deixar-me-iam viver
Em sossego não querem me ver

Eu poderia virar um herói por um dia
Mas sacrificar-me pelo o que, diria um palhaço sonhador como eu
No final desse conto de fadas da vida real, da Bela e da Fera
Não sei o que sobrou, nem que personagem eu era

Não hão de me encontrar entre os fracos. Na verdade não sei se me procuram
Se tem quem goste não sei, nem sei se me importa o gostar
No ser ou estar do dia a dia o meu To Be não conjuga bem
Mas meus scary monsters (and super creeps) na mente estão vivos e bem também

Feelings to ashes, love to dust
Da lama ao caos, do caos à lama, eu sou um remanescente, uma ave fênix
No mundo dos post modern loves, eu permaneço firme na rocha
Há combustível infinito dos céus para não apagar da minha esperança a tocha

E embora aos olhos - até aos meus - eu pareça só a lad insane, aladdin sane
Baby, eu ainda vou te sussurrar confiante e certeiro em seu ouvido "let's dance!"
E sei que na dança do antigo ciclo da vida você - seja lá quem - não errará comigo sequer um passo
Relegando aos que de nós esperavam a derrota, eles receberão o seu troféu de fracasso

O que não quero mais

Religiosidade hipócrita
Libertinagem
Macho escroto
Femismo (que não é feminismo, apesar de uns imbecis acharem que é)
Gente passando fome na rua
Latifúndio
Tráfico de drogas
Milícias
As bobagens que eu faço na vida
Pseudocultura criada para deleite de uns e retorno financeiro de indústrias culturais oligárquicas
Estado opressor
Politicagem de internet (ao menos a de boteco era respeitosa e visava um consenso e não só aparecer)
Adultério
Filtros do Instagram
Attwhores
Stories bonitinhas de Facebook pra pagar de bem sucedidos
Fé baseada em supostas conquistas e não em Deus somente
Relacionamentos de carência
Prisões sentimentais
Minha capacidade absurda de abortar meus próprios sonhos
Exposição excessiva de partes do corpo
Caçadores e caçadoras de likes
Acordar todo dia com raiva do dia de ontem
Perder amizades por picuinhas
Enxergar só o lado ruim de tudo
Otimismo e pessimismo excessivo
Mantras gospel que não têm realmente a Palavra de Deus e só humanismo tolo
Ônibus lotado e de péssima qualidade
Impostos
Falta de educação
Música de qualidade duvidosa
Reclamar demais e fazer nada

Paulo tinha seu espinho na carne
Eu tenho um pé de urtiga enrolado em mim mesmo até o fim da vida
Mas sei que o Deus que sirvo é maior que tudo isso que não quero mais
Ainda que possivelmente tenha de conviver até o fim com tudo isso
O amor de Deus é maior e me fará mais que vencedor
Só precisamos de acreditar e seguir em frente de mãos dadas com o Pastor de nossas almas
Que é muito maior que tudo isso que não quero mais

Reflexo do meu Pior (Poltergeist)

Algumas pessoas sabem andar com seus próprios pés
Eu finjo que ando meus próprios passos
Finjo tão mal quanto finjo ao poetizar

Eu queria cantar "com'on baby light my fire"
Mas estou sem fogo e acho que não haverá combustível
O vácuo da minha vida se encarregou de dar fim à combustão

Explicar às pessoas razões e emoções jamais foi meu forte
No fim ninguém é realmente obrigado a me entender
Quando eu mesmo duvido de mim

Eu me acho naquele curioso muro de divisão das contradições da sociedade
De um lado defensoras dos direitos femininos que patrocinam músicas que denigrem mulheres
Do outro lado grandes defensores do bastião da moralidade que usam dinheiro público em vão e riem

Eu me acho nesse meio de falsidade e sou o espelho perfeito dessa situação
Tão verdadeiro quanto uma estátua idólatra, um sorriso de artista aos paparazzi, o "amor" promíscuo
Um gesto de carinho de político em campanha eleitoral ou o combate à corrupção no Brasil

Deve ter quem goste mesmo
Mas é duro dizer que querem sempre dizer hello
But I still only can say goodbye

Eu não quero brilhos de olhos, maquiagens, filtros, fotos com poses sensuais
No fim eu nunca teria capacidade de administrar tanta beleza - em especial as falsificadas
A gente se enfeita tanto e viramos os mais belos - e fétidos - sepulcros caiados

Como o entorpecido riso de um ébrio sentado com sua latinha de pinga no meio da Conde Boa Vista
A ressaca roubou de minha mente o motivo misterioso que me levava a essa tal alegria momentânea
Igual às ondas do mar de Olinda destruindo a artificial orla forçada por humanos estilistas

Madrugada se vai, menos um dia de vida
E eu pergunto a Deus por que ainda sou tão míope pra querer viver bem aqui
Só se for pra glória Dele, amém

Senão, leve-me consigo ao além

Manhãs Frias

Minha manhã fria de um dia atípico tipicamente igual aos outros
Todos ao redor esperavam mais satisfação, mas o frio me devora
Um desejo obsceno de procurar calor em humanos corpos afora
Num beijo de Judas advindo da boca de uma Jezabel qualquer
Mas prefiro mil vezes congelar a pular no inferno de facilidades
Que derrete meu gelo, meu coração e minh'alma numa tacada
A solidão não é um castigo, é um momento para a ressurreição
Knockin' knockin' knockin' on Heaven's door, I still knockin'
Na certeza que o Paraíso há de dar razão ao meu curto viver
Pessoas querem me forçar a respondê-las a todo custo a tudo
Estou congelado numa incógnita e querem dar soluções fails
E a chuva me abate em mais uma manhã congelante e cruel
Não me cobrem aquilo que não fazem nem estão dispostos a isso
Acho que Deus já está enfadado de tanto ouvir palavras vazias
Emitidas por nós, uma voz em vão gritando pro eco encher o ego
Há quem seja bonito demais e nada mais além das trevas interiores
Há quem seja igual eu, em trevas interiores e exteriores totalmente
Meu caos e abatimento em ver a poeira dos meus sonhos voarem
E por que alguém realmente se comoveria por isso além de mim?
Cansado desses meus olhos serem tão cegos e míopes e iludidos
Cansado de não entender que tudo tem seu tempo determinado
Cansado de ser eu, esse grande nada que se acha tudo sei lá porque
De sentir a vida me mascar igual chiclê e sem gosto já me cuspir
Em mais uma manhã fria com o calor frágil de cobertores e mantas
O calor fingido de braços pagos ainda tenta surgir como opção válida
Invalidando todos meus sonhos de uma vida feliz do jeito que eu quis
Fugirei das facilidades, prefiro continuar na minha continuidade solo
Aguardando o desejo de Deus seja lá esse qual for pra meu viver
ou
meu
morrer

O Vilão

Seis centavos não me tornariam rico
Minha vida não traz nenhuma riqueza ao Criador
E ainda assim meu valor tão nulo alegra o coração Dele

Na vida somos reis ou peões, heróis ou vilões
As vezes somos os piores vilões de nós mesmos
Na realidade, sempre
"Você é a causa do mal, o princípio de tudo, o motivo do caos que você tanto odeia!"

Estou cansado de ser meu próprio vilão
Estragando meus planos jogando fora os seis centavos em busca de ouro de tolo
A frequência de minha alma está fora de sintonia, sem nenhum hertz pra captar minha miséria pessoal
Queria poder dar um salto de fé
mas sem a direção do Autor da Fé pode ser mais um pulo rumo ao inferno

E serei mais uma vez meu próprio vilão estampado em cartazes de "Procura-se vivo ou morto"
Sem recompensa nenhuma pro azarado que esbarrar em mim com sua Taurus
Nos books rosa da vida meu nome está na lista negra
Implorando pra que no Livro da Vida eu ainda esteja por lá

A Bagunça Bela

Picasso, Matisse, Munch, Pollack, Magritte, Tarsila do Amaral, Dali, Duchamp, Ernst, Balla,
Kandisky, Spielgman, Portinari, Malfati, Mondrian, Larionov, Gauguin, Warhol, Cézanne
Caótica beleza
Bagunça bela
Imagem e semelhança de nossa desgraçada dança macabra

Onde todos só enxergam morte, Ele enxergou esperança
Só a gente que continua pulando corda na beira do abismo
E ainda assim Ele insiste em colocar sua mão a proteger nossa psicótica cerviz

Mesmo nossos maiores fracassos, perdas e finais inesperados
Pelo acaso, ocaso ou sendo o caso de nossos casos perdidos e perdições ao acaso nos causarem isso
Quando tudo sair do controle, eu só conseguiria respirar o Nome Dele pra voltar a tona
Até no fundo do poço lamacento que eu mesmo cavei e me afoguei Ele me salvará

Quando meus paraquedas se rompem, meus alicerces implodem
E no espelho percebo o cubismo dadaísta assimétrico de minh'alma
Mais catastrófica imagem que o reflexo da refração opaca de meus traços e faces
Face a face com as linhas tortas que O Engenheiro Eterno torna numa linha férrea pra nova vida

Quando meu amor virar mentira pra alguns, e minha cotação perder todo valor no banco da existência
Sonhar com a tranquilidade de um olhar que emula o mar azul da belle de jour vira pecado mortal
Pior, impossibilidade pra um atormentado ser pérfido e tendencioso ao mal como eu
Com medo de mais uma vez ferir todos ao meu redor que porventura decidiram também me amar
Mas um dia os vaga-lumes dançarão de novo à noite
Num branco leitoso anoitecer para todos nós
E ninguém mais precisará pedir (pois que ninguém negará):
"So Kiss Me!"

Aquela bela bagunça, o amor de Deus, ela ainda vai realmente bagunçar de verdade todos nós!

Minha Felicidade nas Mãos da Divindade

Meu eu breu teu deu, faleceu
Pr'onde vou agora nesse andar
Se um dia chegarei lá no íntimo de mim
No interior mais distante quiçá
Onde só Deus sabe se chegarei
Onde existirá dois lagos gêmeos e cristalinos
Em ruas douradas para percorrer quiçá com as mãos
Um dia esse lugar hei de chegar?
Mas não sei se terei chances desse paraíso
Só Deus tem o caminho para lá
Nem mesmo me vejo merecedor mais
Eu que sinto que estraguei minha jornada tantas vezes
E pior, arrastei tantos comigo voluntariamente ou não
Salvação é o favor mais imerecido que poderia obter
Será que tuas mãos terei direito de um dia tocar?
Deixo meu respirar perder-se ou estou me iludindo?
Analiso com cuidado meu momento de nulificação
Imaginando se o caos em que me perdi é tão profundo assim
Ainda crendo que uma luz no fim do túnel virá
Negando que na realidade não existe em mim merecimento a felicidade
Eu sei, Deus pode fazer a gente feliz se a gente deixar Ele nos guiar
Limpando meu coração e deixando que Ele prepare-me
Obtenho o refrigério que meu ser tanto precisa
Peço ao Senhor que me perdoe pelos descaminhos que causei em mim e em outros
E que eu nunca mais faça novamente isso no dia fantástico que me reencontrar
Sobre o colo da felicidade e os lábios da bênção divina infinita

Sonho Americanizado

Nite Owl II: O que aconteceu com o sonho americano?
Comediante: Virou realidade! Você está o vendo agora!

- MOORE, Alan, Watchmen, edição 2, 1985.

O que rolou no réquiem? Seria para o sonho americano?
Finalmente derrotado por Shade, o Homem Mutável?
Ou será que ele foi reduzido a uma forma menor, parasita
O sonho americanizado?

Hipocrisia religiosa assentada na cadeira dos novos sumo-sacerdotes do sinédrio dos idiotas
Mas achamos tudo normal
As ruas imundas, os presídios supralotados, os ônibus e metrôs idem
Os cadeados e grades, o desejo de vingança e justa (?) retribuição, os justiceiros
As florestas derrubadas, as mudanças assustadoras no clima, a matança desenfreada de animais
Enquanto houver cadeiras acolchoadas e ar condicionado somos todos felizes, tá ok?

Entorpecidos por drogas piores que ópio, heroína, morfina ou cerveja barata de quinta categoria
Os iludidos manequins que acham que chegaremos lá no nível dos obesos Coca-Cola McDonaldianos
A complexidade da vida em cento e poucos caracteres do Twitter
De filtros fotográficos instantâneos que jamais seriam previstos a poucos anos atrás
Nunca a beleza custou tão pouco e ao mesmo tempo foi tão cara
Custando nossa alma
(Que a essa altura realmente pode custar menos que nada)

Minha vida e meus olhos americanizados
Robotizados e conectados em flashes psicóticos
E a guerra das pessoas que em ideologias e planos insensatos
Abortos de crianças ou aborto de sonhos, no fim abortam até nossa salvação
Eu espero que Deus me ajude a sair da liberdade escravagista de sonhos dos outros
E meu rock'n'roll seja mais brasileiro que eu mesmo, para eu saber onde encontrar
Nessa vida, a porta do quarto onde encontrarei braços de amor verdadeiro que Deus guardou pra mim
Um dia sim, yo creo
Mas até lá, vamos fugir desse sonho vazio que não faz parte real de vós, muito menos de mim
Americanizado, só meu rock e nada mais!

Desfribilador

E então eu cai
Senti minha cabeça acertar contra o solo
Concussão, o cérebro socou contra a caixa craniana
Me levando ao coma junto com meus sonhos

E então eu cai
O avião do meu viver descia vertiginosamente
A força G me jogou contra a fuselagem traseira
O motor picotou tudo o que eu acreditava

E então eu cai
Cai na real de que meus reais não valiam nada
Não comprariam minha felicidade
Nem me ajudaram a conquistá-la, só a me entorpecer

E então eu cai
Cai da prancha à espera de ondas azuis de um olhar
Que carregassem a maresia verde-musgo que me cobriu
Mas o mar é cego e só fez me afogar

E então eu cai
E não queria me levantar
Não confiei nas mãos que me ofertavam
Nem esperei mais esperança pra aliviar os choros que viriam em enxurrada me carregar

E então eu cai
Do pináculo do meu castelo de areia
Quis deixar meu corpo escorregar suavemente como pena
Mas ele viraria um chumbo pesado e me esfacelaria por inteiro

Só Deus poderia desfibrilar meu coração
Para que eu visse novamente chances de viver
Em meio ao pó, cinzas e ruínas de minha cidade santa
Reconstruir um templo para glorificar O Único motivo de eu existir

Stones rolling above my tomb

It's just a kiss away, but I can't get no satisfaction
All my life, my desires are paint in black
He meets me, the man of wealth and taste
But my pleasure was turned in misery and deception

I have fear, fear for me and for my love
I can't spend my night with nobody
I feel the finger of God against my acts
Dooming me from the heaven above

All my dreams are ilusions or stupid fails
Wild horses passing above my back
And I can't see one exit from this circle
This vicious circle of lust nails

Sorry my friends, I hate myself and I wanna die
Angels and demons all laughts for my pain
Don't give me the ilusions of life again
Maybe God is only who can stop my cry

(homenagem aos Rolling Stones)

Testis est Mortis

Aqueles que nos seviciam devido nossa fé não sabem
que esse é o segredo que nos mantém vivos e fortes
O sangue dos mártires é a semente da Fé
Nenhuma calúnia ou injúria é tão forte pra nos destruir
Resistimos até ao maior de todos os perseguidores: nossa própria carne
O beijo do Deus do amor vale mais que os falsos apertos de mão da escravidão da libertinagem
Não vamos comer dos pratos de lentilhas das facilidades de falsos profetas
Nem confiarei na segurança de ditos representantes da fé que na verdade só defendem seus ventres
Se preciso for me voltarei até contra os que fingem capa de santidade ou liderança
Ainda que minha cabeça vire o prato principal das Salomés do sinédrio dos hipócritas!
Será que também teremos 40 extreme days para vencermos o tentador das almas
Ou seguiremos só a maré dos caçadores de recompensas terrenas em seus jejuns inválidos?
Uma velha canção ecoa nos momentos mais calcinantes dessa trilha deserta e espinhosa
"Quem quiser ir onde eu vou não pode olhar atrás!"
A vida com Deus vale mais que o mundo todo
Se a vida é hardcore, não é rock não, é pauleira demais
Ao menos nos momentos mais blues o Autor da vida traz-me o alento do Messiah
E jubilosamente cantarei no coral de Aleluia de Händel
Naquele grande dia em que as perseguições e o rio de lágrimas cessarem
Na foz do mar de cristal celestial onde minhas feridas e lepra será curada pra sempre

Testis est mortisUsque ad sanguinem resistere

Taenarius

Em definitivo é difícil viver o que vivemos
O peso nos ombros da incompreensão
O caos ao redor do establishment
Os santos de carne e osso mais falsos que os de gesso e madeira
E suas imposições intestinais, legalismos tolos
Que não limpam nem a si mesmos, quanto mais poderia purificar um ser tão imundo como eu?
Disfarces não escondem nosso fedor, perfumes caros não escondem nossas pústulas
Por que seguir os paradigmas poderia me fazer algum bem?
Por que os concílios são incapazes de conciliar nossa limitada vida terrena propensa ao cair?

Meu coração fica no subterrâneo de mim
Na catacumba do meu ser minha alma sabe que não sou perfeito
E por isso mesmo me impede de fingir aos outros que o sou o que não sou
Aqui dentro implora: Seja o que És pra sempre
Seja a Luz que esse satélite timidamente refletirá
Em meio às trevas mais profundas do submundo, em meio ao cobertor sufocante do sistema mundano
Ouvirei pessoas gritarem junto comigo "Save me, You save me from myself..."
Pois desesperadamente imploramos àquele que se despiu de Sua Glória e assumiu a nossa vergonha
Para que nos arranque dessas vestes imundas e purifique nossa existência no Seu sacrossangue
E um dia como Ele sejamos transformados, nós que outrora como ele fomos desprezados
E jogados à margem, ao ostracismo, às feras, às fogueiras, degolamentos, abandono
Jogados no Taenarius, no Subterrâneo, no Underground

Não importa os que zombam, cospem, esculacham, apedrejam
Sabendo que uma coroa está a nos aguardar, isso vale mais, muito mais que os ganhos daqui
Os tapas nas costas não valem mais do que o abraço do Rei dos reis aos seus embaixadores
Onde quer que tenhamos ido em Seu Santo Nome

Choro dos Anjos

Amissa mundo angeli in fletu
Et pugnabit sicut leoNon solidum sed inane sicut mus

Quando o dadaísmo suga o cérebro e a esperança fica perdida
Não é anarquismo, é pior, é psicopatia em forma de grindcore
Se devorando, canibalismo zumbi autoinfligido

Cérberus aguardando com suas presas
Devorando eu, sua presa
Poderei eu sair das entranhas da terra?

Será que haverá alguma mísera saída
Ou voarei e queimar-se-ão minhas asas, meus sonhos partirão precocemente
Tal qual meus inspiradores? (Descanse em paz André Matos)

Eu tenho fé que em meio ao mundo perdido
Encontrarei o Caminho para seguir em frente
E viverei para sempre, viverei hoje, voltarei ao local que Deus preparou pra mim
E não terei nada mais a dizer.

In(certo) Temor

Se os meus olhos fecham
Parece uma porta, mais uma das zilhões em meu caminho
Que fecharam na minha frente

Algumas pessoas têm a coragem de admitir o fracasso que são
Outras fracassam em dizer que não
Eu cansei de seguir a segunda opção em vão

Preciso de um isolamento acústico urgente
Onde só Deus ouça minha voz
Acredito eu que no fim só seus ouvidos realmente me ouvem

Desgoverno bizarro obrigo-me a conviver
Rir da autodesgraça pra não derreter como vela em chororô
Unidos nos restos do lamaçal de tragédias sonhadas dias atrás que viraram séculos perdidos

Pontos de autoridades desautorizadas pelo caos sistêmico
A anarquia sempre triunfa de um jeito ou de outro
E louco e tolo é quem espera fugir do inevitável

Em meu desolado jardim de sons da morte
Tudo tão ultramega OK, alto como um amor
Amor pelo dedo-motorizado-do-mal
"Satanoscilatemymetallicsonatas"
O superdesconhecido desce lá do mais alto
E faz o rei dos animais eu voltar-me ao estado fossilizado

Morte desolada, nada mais
A saudade do gosto de vitória
Ainda que o amargor da ferrugem se esprema nos dentes logo a seguir

Aquela esperança de que o blues vire hardcore
Se derrama em um doom metal catastrófico
E aquela certeza que as lágrimas na chuva poderão ainda ser percebidas e distinguidas

Mas uma certeza no fim pisca mais que sirene de polícia
Em meio aos tiroteios insanos na favela da MacLaren
"Ele me fará justiça"

Sei que o amor de quem se importa por mim
Será capaz de vencer minhas mazelas e fracassos diários
A certeza de que existe saída até nos becos mais escuros

Um dia meus versos dolorosos
Cicatrizarão, eu bem sei
E meus cravos virarão marcas de uma vitória maior do que o mundo inteiro

Passinho em Falso

"Estou a dois passos do precipício!"

Um dia Deus te alerta, noutro dia você vira a seta para a contramão
Depois não reclamar quando tiver sem pra pagar do conserto a prestação
Nossa endêmica teimosia está sempre em dia pra nos levar pro atraso
Nunca enferruja desde o Éden nossa concupiscência de ir além do que traz aprazo
Satanás não é tolo, sabe bem oferecer o bolo que infecciona-nos mortalmente
Nas entranhas do homem reside o verme que devora o bem e também consome-nos a mente
As cordas do violão partem-se num senão que não tem nenhum refrão
A vã e humana riqueza nos preenche de miséria e pobreza, não importa o tamanho do cifrão
O nosso flautista de Hamelin já está muito a fim de carregar-nos ao esgoto
Sem Deus em nós, nossos sonhos perdem toda a voz, serão somente o passado de um aborto
Será que a dona Esperança, aquela que nos acalentou quando crianças, ainda mora por cá?
Ou só restará o batidão de um passinho em falso no vão que joga a humanidade pro inferno lá?

- Vizinho, por favor, baixa a porcaria do teu rádio, infeliz! Vai ouvir tua merda sozinho, vai!

F5

Precisaria de uma renovação em meus conceitos
De uma limpeza de cache em minh'alma conturbada
Um novo descobrimento do Brasil dentro de mim
Só de pensar que quase morri por diversas vezes, várias e várias horas atrás
Ou em ver que as horas que vivo parecem passos de um zumbi, nem me lembro do cotidiano mais
A memória auxiliar não me auxilia mais, o clock click clack deu um crec nos circuitos sinápticos
Faltam palavras ou as verdades são tão mentirosas assim em nosso viver?
Só cremos no que nos interessa, por que se abrir pro que nos confronta?
Não quero ser um homem de mil faces, quero que a do Criador brilhe mais que os traços corruptos da minha face
Depois de uma atualização de mim mesmo diária, na misericórdia que renova-se a cada nascer do sol
Eu poder olhar pro céu e ver além do arco-íris o sorriso do Senhor das estrelas e do universo
Dizendo que me ama, mesmo sendo eu quem sou
A certeza de que a vida tem razão e sentido de ser
Além do ouro frágil e da fugaz fama humana
O beijo que vai além dos lábios, o amor que nutre além das entranhas
A Verdade que jamais nos faltará
E nos renovará até à perfeição mais brilhante e forte que o maior dos diamantes

Até que o passado sejamos nós

Todo mundo talvez já pensou em ser o dono do mundo
Cada dia coloca o futuro no presente e no passado logo a seguir
Até que o passado sejamos nós eu quero presentear o futuro com meu viver
Que meus versos possam trazer a paz que excede todo o entendimento e situação

Reflexão, restauração, revelação
Refletir a realidade e retirar o que me pesa somente
Reativar as energias removendo o que me desgasta
Retornar às origens e restituir minha esperança
Reaver a contenção de ideias positivas
Receber a responsabilidade de seguir em frente

Nenhuma barreira seria capaz de derrubar no chão o sonho
dos que seguem de mãos dadas, atadas por Deus
O Dono do mundo nos faz governar o nosso próprio mundo particular
Até que o passado sejamos nós, o futuro será garantido pelo maior presente do mundo: nosso amor

O Tempo de Uma Vida

Se eu estiver vivo no dia em que Neil Gaiman partir dessa terra nossa
Decerto chorarei ao ver a Morte dos Perpétuos tomar a mão dele para o casamento final
Mas sempre a amaremos no fim das contas, sempre.

Não vale a pena valorizar o vale da morte que nos encobre num mar de lama
Me dói perceber que pra alguns mais vale os dedos em riste que as mãos estendidas
Quanto a mim, mil dias de conforto não valem nada ante um dia nos braços da Verdade

Pessoas colocam o nome de Deus nas maiores atrocidades inimagináveis que nós somos os culpados
O sabor de veneno não é tão doce como o dos lábios da menina que beijava o Arrigo Barnabé
Mas espero que a Morte dos Perpétuos faça sua visita conveniente para atormentar os blasfemadores

Nessas dores da vida eu peço a Deus pra que minhas mãos se prendam as daqueles que eu amo
Ainda que eu por muitas vezes pareça não amar é nada, e também seja um idiota completo
Só o amor que o Senhor me proporciona advindo da família e de minha amada me mantém de pé

Eu sou suspeito, mais que isso, réu confesso do desejo de querer viver pra sempre
Com você, meu bem, desafiar a dona Morte dos Perpétuos, e não cerrar os olhos pra vida
Quem sabe ensinar aos outros todos o poder da eternidade em paz que o amor verdadeiro traz

"Você viveu o que todo mundo vive... Uma vida. Nem mais. Nem menos. O tempo de uma vida".

- Morte dos Perpétuos, in Sandman 43, by Neil Gaiman.

Com Amor, do Deus do Amor para meu Amor

As poesias que querem ouvir são os tiros de pistola
As melodias são os silvos de canhões
Os gritos de desespero viraram a cantiga
De quem trocou o amor de Deus por suas liberdades escravagistas

As vezes eu me pergunto por que Deus não fez o que Janires cantava
"Do jeito que o mundo vai não passa do ano 2000"
Só o amor e a misericórdia Dele explica, já que Ele jamais muda
"He never changes, He's always the same"

Deus é o único responsável por mudar a história dos que Nele creem (E de verdade creem)
E assim dar a estes amor verdadeiro que nutre e nos faz feliz de vez
O que me alimenta é deixar de ser e deixar Ele ser mais em mim
Pra que eu possa aprender dia após dia amar a todos, em especial aquela que me amou primeiro <3

"Is this love that I feeling?
Is this the love there I'm searching for?"
Sim, esse é o amor que eu sempre sonhei encontrar
O amor que só Deus poderia conceder que eu enfim dele pudesse desfrutar

Apostasia do Passageiro Mundo de Pó

O pior de ser como sou é ser por vezes considerado um intelectual
Mas bem longe disso, sou um poeta normal
Que lamenta ver seus iguais quanto mais recebem conhecimento
Mais idiotas ficam

Pessoas ganham diploma na universidade
E como universotários tornam-se imbecis
Escravos da ideologia que ignoram a vida e a vontade de Deus
O que lhes interessa é a vantagem e nada mais

Vamos parar num Mad Max cada dia maior
Em que o lado escuro da lua virará o eclipse de nosso coração
Onde até os que se dizem de Deus perdem a fé e dizem preferir ser ateus
Invés de orar pelos erros dos que estão ao seu redor preferem o pior desse mundo como aceitável

Nossos dedos são incapazes de segurar mãos ou escrever poesias
Mas são afiados e com uma mira assassina perfeita, não erram um alvo sequer na hora de apontar
Eu prefiro mesmo é em meio a essa confusão que só divide, destrói e nos arranca a fé
Escrever que o amor que vem de Deus é o que importa, não esse pó que você assopra em vão aí

Tudo é poeira no vento... Só poeira no vento...