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domingo, 14 de agosto de 2016

Musas em Extinção (Canção de um inverno sem colheitas)


Se eu fosse Orfeu iria até o inferno atrás da Eurídice e a resgatar ou com ela sofrer lá
Se eu fosse Hades sequestraria Perséfone de Deméter, na calada da noite, por amor eterno
Se eu fosse os benjamitas aguardaria as filhas de Siló para as tomar para mim
Se eu soubesse que há vida em Marte, construiria um foguete pra conhecer alguém por lá

Porque aqui onde eu tô tá pior que Israel atravessando o deserto rumo à Canaã
A escassez é gigantesca, faltam-me musas por perto que mereçam meus versos e meu amor
Minha íris reflete o vazio de esperança de amar ao meu redor
E também expele de meu interior meu vazio completo e falta de uma luz da manhã

Dizia Hildon que quem tem alguém que você gostaria que
estivesse sempre com você
na rua, na chuva, na fazenda
ou numa casinha de sapê
Deveria jogar as mãos pro céu e agradecer se acaso o tiver

Minhas mãos... eu deveria as arrancar
Não me têm a serventia de a ninguém acariciar
Nem minha língua de com palavras acalentar

Esperança é um animal frágil, fácil de se matar
Se ela é a última a morrer, mortos estamos a muito já
Por isso ao meu redor só vejo cadáveres do amor, e abutres sorrindo
Meu sangue, respirar, viver, se esvaindo
E novamente assim... foges de mim...

- Pare de lamentar, nesse inferno que você mora a única musa que existe é a do Calypso, conforme-se com isso, seu sonhador imbecil!

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