Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sábado, 24 de agosto de 2019

Freaking Show

Sabe aquelas danças bizarras de marinheiros musculosos em bares estadunidenses
Que os filmes de Hollywood e David Bowie tanto chamavam de show esquisito?
Acho que eles jamais imaginariam que nós um dia estaríamos no alto dessa mesa de bar
Despindo as vergonhas num passinho que faria nossos avós infartarem de tão obscenos
E o mais legal disso tudo? Hoje em dia adoram isso
Eu devo ser um troglodita mesmo de se chocar com tais psicoses sexuais expostas tal qual um prêmio

Esse diamante louco que vos escreve em seu brain damage parece ignorar que reclama em vão
Que sua vizinha vulgar vai continuar tocando bem alto suas barbáries
(O resto dos versos eu preferi me autocensurar pra não pagar processo por mimimi externo)
Quem sabe um dia essa banda que ela curte decida tocar melodias diferentes
E eu possa enfim a ver do lado escuro da lua
"I can't think in anything to say, except: I think it's marvelous!"

Eu sinto o mundo girar ao meu redor
Não é possível que seja eu o único que não vê encaixe nenhum no que glorificam aí fora
E colocam na conta de Deus e na sua Santa Glória absurdos tão grotescos
Acho que são os efeitos do simulador de LSD chamado mundo virtual
Ou será que eu realmente estou psicodelicando demais por aí afora?

As portas do delírio estão arrebentadas, meu asilo cerebral escapuliu
Ou será que na verdade Simão Bacamarte estava certo e os loucos estão lá fora do manicômio?
Minha poesia é um clamor inconsistente de um desiludido qualquer que deveria se matar duma vez?
A idade da insanidade é a única era de aquário que poderia realmente existir
"I get up, I get down, I get up, I get down"
Qual a próxima parte de nosso circo dos horrores vai aparecer pra gente?
Parece que os espectadores são mais propensos à loucura que a atração principal no palco da piração

Notícias de uma guerra particular
Poderia ser polícia estatal contra traficantes ou milícias insanas ou contra o povo inteiro
Mas nesse caso é só meu caos descerebral
Nem meus versos ou minha lírica seria capaz, ainda que de maneira dadaísta que fosse
Transmitir com precisão a insanidade completa que vejo no ar
Tomamos a ceia, só não sei se santa, alguém realmente discerniu O Corpo?
Vejo a nós condenando a tudo e todos e automaticamente nos condenando
Enchendo a medida de maldade de nossos pais com muito mais mal que eles seriam capazes

Nosso teatro de Vaudeville se mistura com um Monty Python
Com algumas poucas centenas de humoristas tornando milhões em objetos de ridículo
No lugar sacrossanto onde outrora colocava-se um nome acima de todos
Eis esse vil cabaré que tornou-se!
Em diabólica sincronia levantemos nossas pernas
Esperando os olhares sedentos dos urubus a desonrarem àqueles que deveriam ser os que mandam
Os usurpadores permanecem fazendo seus discípulos dedicados com lavagem cerebral ativa
Um 1984 pervertido, um Admirável Mundo Novo versão hardcore
Quantos cinquenta centavos conseguem se equilibrar na mente de um psicótico?

"Não há sentido na Justiça sem Liberdade!"
O hipertexto que consome o contexto é pretexto para o meu detesto
E também pra minha voluntária escolha por uma cama quente, minha maca particular
Onde me conservo em minha internação no silêncio manicomial do meu quarto
Só com medo de as formigas de fogo entrarem por minhas enormes narinas e me sufocarem

Estou abalado porque como poeta devo ser só um sonhador tolo pra sociedade aí fora
Uma fraude, uma farsa
Não sei se tenho alegria ou me conformaria em saber que ao contrário do que diz um cantor gospel aí
Eu, tal qual Abraão, morrerei sem ver as promessas cumpridas
Quem sabe a minha posteridade - caso eu a tenha - tenha mais sorte que eu

Deveria eu continuar a poetizar?
Acho que ninguém nem chegará a ler os últimos e desesperados versos
Pra entender ou tentar me salvar desse freaking show

(Deus, me tira desse Hospital Colônia em que a vida me trancou e tacou a chave fora!)

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