Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sábado, 17 de agosto de 2019

Reflexo do meu Pior (Poltergeist)

Algumas pessoas sabem andar com seus próprios pés
Eu finjo que ando meus próprios passos
Finjo tão mal quanto finjo ao poetizar

Eu queria cantar "com'on baby light my fire"
Mas estou sem fogo e acho que não haverá combustível
O vácuo da minha vida se encarregou de dar fim à combustão

Explicar às pessoas razões e emoções jamais foi meu forte
No fim ninguém é realmente obrigado a me entender
Quando eu mesmo duvido de mim

Eu me acho naquele curioso muro de divisão das contradições da sociedade
De um lado defensoras dos direitos femininos que patrocinam músicas que denigrem mulheres
Do outro lado grandes defensores do bastião da moralidade que usam dinheiro público em vão e riem

Eu me acho nesse meio de falsidade e sou o espelho perfeito dessa situação
Tão verdadeiro quanto uma estátua idólatra, um sorriso de artista aos paparazzi, o "amor" promíscuo
Um gesto de carinho de político em campanha eleitoral ou o combate à corrupção no Brasil

Deve ter quem goste mesmo
Mas é duro dizer que querem sempre dizer hello
But I still only can say goodbye

Eu não quero brilhos de olhos, maquiagens, filtros, fotos com poses sensuais
No fim eu nunca teria capacidade de administrar tanta beleza - em especial as falsificadas
A gente se enfeita tanto e viramos os mais belos - e fétidos - sepulcros caiados

Como o entorpecido riso de um ébrio sentado com sua latinha de pinga no meio da Conde Boa Vista
A ressaca roubou de minha mente o motivo misterioso que me levava a essa tal alegria momentânea
Igual às ondas do mar de Olinda destruindo a artificial orla forçada por humanos estilistas

Madrugada se vai, menos um dia de vida
E eu pergunto a Deus por que ainda sou tão míope pra querer viver bem aqui
Só se for pra glória Dele, amém

Senão, leve-me consigo ao além

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