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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Virtualcrônica

Desde que entrei nesse mundo virtual de aparelhos celulares (os famosos aplicativos, ou APPs pros íntimos - eu passo longe disso, tô mais pra um elo perdido nesse universo atual), tive a sorte (?) de ser incluso em diversos grupos, conhecendo assim as mais diversas pessoas, com as mais inacreditáveis idiossincrasias do universo, que tornavam esse ser semigótico e bem hard rock um normal em meio a esses. Aquela bizarra sensação de que o mundo está mesmo de pernas pro ar.

Já passei por diversos momentos inacreditáveis. Grupos de pretensos servidores de algum deus fazendo coisas que até Deus duvidaria, falando absurdos, postando fotos suas ou de amigas que por algum motivo que eu não queria chamar de safadeza, mas só me resta esse, com cada centímetro de suas genitálias expostas, parecendo que os ensaios de revistas pornográficas eram insuficientes para satisfazer a mente e a masturbação alheia. Enfim. Também já estive em grupos de depressivos, de radicais de esquerda, de direita ou do buraco do inferno para onde ambos os lados caminham de braços dados e os imbecis que os seguem insistem em gritar bravatas para o abismo.

Mas os grupos que mais me chocaram, ou me surpreenderam, ou me fascinaram - todos esses verbos, frise-se, no pior dos sentidos possíveis - são os coordenados por pessoas que se autoproclamam "santas". Numa sensação de fazer inveja ao finado maldito Pio IX, a infalibilidade desses indivíduos me fez desde chorar de tristeza, rir de nervoso, rir de achar graça e por fim chorar de tanto rir. A cada áudio cujo autor é um desses me faz imaginar Jesus ante o Sinédrio sendo obrigado a ser julgado pela hipocrisia de Anás, Caifás e outros mais fariseus e saduceus satanases ao seu redor.

As autoproclamações, autocomiserações e outros auto-atos são tais que nos autos do Juízo Final é decerto que vai se precisar de um supercomputador daqueles de empresas gigantes, com um servidor de internet próprio e uma memória de HD de 9237137281467826378156716257865270 octabytes. Ou mais, vai saber lá. Minha maior e mais ampla das dúvidas é discernir e decidi se o que sinto por tais é pena ou simples desejo incontrolável de rolar no chão às gargalhadas. Catástrofe iminente, só isso, nada mais.

Já pensei em sair de diversos. Por diversas. Mas me mantenho em grande parte, firme, forte e rindo. Deve ser um prazer mórbido, desejo incontido ou insanidade, talvez masoquismo em ver até em que ponto a humanidade, por pura falta do que fazer, é capaz. Capaz de passar sua vida preso ao virtual, preso ao Whatsapp, na ânsia de ser o que não são, forçar outros a serem o mesmo e assim caminha a humanidade, beijando a taça da vitória e bebendo dela a peçonha de sua própria mandíbula imunda.

Quanta inutilidade, me perdoem.

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