Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Canto da Saudade do Pássaro Solitário


Eu repito aqui a repetição dos meus dias repetitivos
Tou metade, tou inteiramente certo disso tudo, que nada tou
Meu saudadear dos tempos de garoto apaixonado e apaixonante
Quando eu não ligava pros arranhões, cortes, cicatrizes, decepadas decepções

Não há senhora dona de meus mares, minhas marés só trazem ondas de rejeitos marinhos
Como o corvo de Poe, eu repito sem padrões de hertz nem ondulações: Nunca mais
Capaz da paz se desfazer comprazendo-se do meu desprazer
Nunca mais quereria eu repetir novamente "nunca mais"
Sempre eu, sempre você, sempre nós, em nó irrompível

Mas minha voz é incapaz de desfazer nossa vida, sempre sós
Os sóis se apagam e não haverá mais nós, nem nós, nunca mais

Sou um perdigão, você, minha perdiz, se perdeu da minha íris
Meu olhar em neblina e blecaute é o fim do túnel, não sei
Tu dizes que há luz por lá, talvez apenas tu delires

Paixão, faz isso não, assassinando o voo desse meu eu faisão
Que quer amar, mas amor mútuo virou ave rara, em extinção
Capturar um exemplar virou crime, contravenção
Mas queria eu, meu Deus, cair em tua prisão, teu coração

Hoje, amanhã, ou nunca mais

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