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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Dodôs no quintal (com peixes-boi de Steller na lagoa)

Seria tão fabuloso se houvesse um paraíso misterioso
Onde todos os pobres seres que nós lançamos à extinção
Estivessem todos lá, salvos, em paz, distantes de nossas mãos desastrosas

Onde só os melhores de nós desfrutaríamos de dodôs no quintal
e na lagoa ao lado peixes-boi de Steller brincariam com os araus gigantes
Veríamos traças rabo-de-andorinha e esfinges cintilantes flutuando com suas asas fantásticas
Rinocerontes negros e quagaas passeando pelos pomares
E uivando os lobos-da-Tasmânia e o lobo negro da Flórida estariam à rainha lunar

Mas tal qual tacanha e mesquinha a mente humana que não soube cuidar desses e de tantos mais
Tornando-os somente reflexos de um tempo que não voltará jamais
Assim também tornamos lentamente extintos coisas as quais deveriam nunca sair de nós
Mas assassinamos dia após dia cada espécime de virtude existente em nossa mente e coração
Cada vez menos compaixão, misericórdia, verdade, mansidão, alegria, paz
Cada dia menos lembramos o que significa AMOR

Nossas armas clamam por arrebentar cabeças de bandidos como o de bisões das florestas orientais
Nossas facas clamam por eviscerar seguidores de ideologias rivais tal qual tartarugas de Galápagos
Nossos venenos clamam por eliminar crenças alheias como os rios poluídos das rãs-leopardo
Nosso engano clama por destruir relacionamentos e paixões como a pobres espécies indefesas

Seria tão fabuloso se houvesse um paraíso misterioso
Onde eu e você pudéssemos viver nosso amor tão raro na natureza
A salvo, em paz, distantes de mãos desastrosas dessa sociedade tão suicida

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