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sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Elegia de Amizades e Amores Falecidos

Meu lado cego, ponto cego, alma cega de um cego coração de olhos em catarata e astigmáticos
Estigmáticos e enigmáticos, pode agradecer, amei você, inda que vã tolice perder tempo assim
Me tira daqui ou eu me tiro ou eu me atiro e atiro em você o que vem na minha cabeça ou frente
De costas dou as costas pro mundo que encosta em mim um tiro à queima-roupa de decepção

Por isso fujo e vou pra todo lugar em que você não é sequer uma mísera miserável lembrança
Esqueço que lembro o tempo todo das decepções que beijam meus lábios antes de escarros
A ruína dos amores que Deus não era Deus deles, nem o amor era o amor, só os restos de nada
Não são olhos que me veem, apenas fantasmas sem saber assombrar, só são-me peso morto

Meu jardim do Éden sem árvore da vida, consumido pelas pragas nos pomares, locustas nas flores
Meu fruto da ciência me fez ciente de nossa burrice, me fez regurgitar o que não pude sorver
Demore, devore, chore ante o chorume o qual outrora foi meu sentimento perdido lá atrás
À sua frente só os restos da esperança que desesperei-me de ver seu sorriso ao eu ir aos teus braços

Não mais semearei esses campos perdidos por seu próprio adubo envenenado de sua saliva
Ativa a cannabis sativa parece mais uma saída, junto com um trago, um copo que te traga
Mas a draga carrega até o maior dragão, a morte mata aos poucos sua vida morta-viva
Não deixo-vos minha pena, pois está ela ocupada escrevendo esses versos corroídos e doídos

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