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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

13º Dia, Sexta-Feira, Noite Solitária



13º dia de um mês que se vai mais uma vez
Sexta-feira, noite solitária, todos em suas casas
O gato preto causa pavor
Como o terrível gato de Poe denunciando nossas podridões em nossas adegas

Compram-se ferraduras, pés-de-coelho, trevos de quatro folhas
Mas não conseguem escapar do azar de serem o que são
Tanto tempo perdido com seus temores tolos
E ignoram que a morte ao seu lado apenas descansa para descer sua foice sobre cada um

No diário de um homem louco como eu
Sobram muitas despedidas de romances e amigos
Causadas pela minha própria podridão em minha adega do coração
Embriagado pelo vinho envenenado do meu egoísmo
Transformando míseros milímetros de distância em abismo intransponíveis
E persistindo em achar que seria eu o único certo

Enquanto eu em minha sina assassina dos outros fico sentado a devorar minhas entranhas
Para abastecer meu egocentrismo
Pessoas lá fora morrem pelo mesmo motivo
Em nome de religiões, morram os "infiéis"
Em nome do meu corpo, morram os "indesejados" dentro de mim
Em nome da ideologia, espanque-se a todos e que o mundo exploda
Assassinos seriais dos sonhos, maníacos derramando o sangue da esperança

Eu nessa sexta-feira 13 solitária em Crystal Lake
Com meu machete poderia ser o agente da morte da perversão e seus causadores
Mas acabo por me ver paralisado completamente
Pois vejo uma forte concorrente contra mim:
A ganância suicida dos homens faz o meu trabalho melhor que eu
Invejas, desejos incontidos, soberba e orgulho, retardos mentais
O Superman de Nietzsche se mostra um ser vulnerável à sua kriptonita interior de seu coração

Eis que cansei de persistir em minha matança incontida
E decidi esperar eternamente em minha cabana perto do Campo Sangrento desse mundo
Para ver quem irá sobreviver nesse apocalipse zumbi
Mascarado escondo uma lágrima que escorre de mim
Pois de nada adianta tentarmos cortar o mal pela raiz
As sementes do câncer da nossa maldade maldita se espalharam pelo acampamento sem limites

Mamãe, desisto dessa rotina assassina
Prefiro-me a paz, nem que seja a de um sepulcro
Ou nos braços de alguém que seja diferente disso tudo
Um rosto inocente e ao mesmo tempo tão misteriosa
Em quem minha máscara de hóquei não será mais necessária
E quem sabe meus temores sobre esse Campo de Sangue que virou ao meu redor
Dissipem-se num beijo em lábios carnudos
Tão profundos como as águas de Crystal Lake...



To J.A.

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