Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

terça-feira, 22 de março de 2016

Banquete Imaginário de Malfeitores Perdidos


Tocatta tocada nos retoques ressoados de um lugar que se esqueceram nesse mar de nadas
Nosso odre de vinho já estava na conserva a muito tempo, talvez mais
Morpheus, o senhor da terra dos sonhos, o perpétuo mais misterioso, nos chamou
Hoje reinaremos e as imaginações e pesadelos invadirão à realidade
No banquete imaginário dos malfeitores perdidos num século ignorante ignorado

Assentado na cadeira do pai da família, Augusto, imperador das poesias da terra brasillis
(Ou talvez só da Feira do Seu Santana, quem sabe)
Repassa o passe compassado e combalido dos gênios da velha Grécia
e seus pergaminhos escritos a duras penas de faisão selvagem
Inspiraram bem um sem-número de cantadores, trovadores e esses malditos escritores amadores

Como Johnnÿ D., testemunha desse banquetear, João Dias que decidiu virar outro ser
Ou ser o que ele sempre quis poetizado e poetizando a si mesmo e ao mundo numa aquarela escrita
Chorada, pisada, sangrada, sorvida como vide estragada, vineacre
Reclamando da vida 'té que um dia reviveu feito fênix negra, mais forte e incontrolável, indomada.

Dos confins do mesmo asteroide perdido do anterior vem o segundo da linhagem dos Edilsons
Violeiro dos sertões, talvez não os mesmos de Euclides, nem os de Gonzaga
E talvez tudo e mais um pouco de ninguém sabe que planeta errante, meteorito em contos e fábulas
Quem conta um conto aumenta um ponto, nele a pontuação já quebrou o registro de recorde

Da coorte augusta também provém o trio da baía de todos os santos e profanos, anjos e demônios
Heliabe abre seu papiro e declama o réquiem dos homens sem alma em placebo incurável
Também vem a tão rara pedra preciosa, a dançarina Julliana, imperatriz de nossa sina
E o assombroso lamentar do Ticão com seu tição em brasa contra as bocas-de-lixo

Do extremo norte do Nordeste desse reino desencantado vem Thiago, o profeta Jonas
Com o bafo do peixe que o consumiu ainda a lhe perfumar
Mostrando o desastre das Nínives de um planeta que brinca de salto sem corda no abismo
E daquele Norte realmente ao norte, perto do coração da nação a Jannyffer traz encantos
Dos recantos, cantos dos pássaros e riachos e o rachar das tumbas dos desgraçados
A fé é a sina dos corações antigos que incansavelmente esperam e só

Do calor de 40 graus Celsius o anjo Gabriel, por vezes tomado como um ser de nome incompreensível
Ga
        Vaz
                 Bu
Traz consigo algumas fictícias fotos de nossa situação tão troço, tanta troça em prosa e em verso
De igual modo que o Luciano vem com seu eletroencefalograma, psicoterapia
que parece a imagem psicopata que nos incita todo insensato dia
A Kathleen e sua estrada da vida, tão desgastada pela erosão crescente que também passeamos
E o Felipe Marcos com o refrigério poético que provém de seus versos tão filosóficos

Lá dos repentes distantes de São Paulo, as vezes relembrando o passado pernambucano
O profeta Elias, errante caminhante dos desertos traz aquele velho conto de seu velho recanto
E o Lucas Motta com seu novo dialeto ignoto, quem saberá falar, todos nós no fim
e a pequena advinda do reino do Norte Yasmim nos trouxe o nosso espelho, reflexo das almas
Desafogar desses mergulhos que clamam pelo fatal, ela vem à mesa para também compartilhar
desses choros afogados do dia-a-dia, Bia, Bea, Beatriz do centro do país
A única que nos mostra que na verdade nosso banquete está no centro do picadeiro de um circo
E o público ri de nossas palhaçadas, atropelados pelos elefantes e devorados pelos leões

Chamamos também a temporã Maria Tavares e a também rara Marina
E mais aqueles que passaram e vez por outra reaparecem
Cada um que por um triz passadamente ficou nesse banquete imaginário da imaginação
Brandim, Marvim, Isa, Jéssica, Rafael, Fernanda, Raphael, Érika, Eduardo...
Tantos e tão poucos, sociedade dos poetas mortos-vivos
Contos, poemas, versiprosas, crônicas, vai saber o que mais
Quantas bibliotecas, físicas ou virtuais, seriam capazes de conter
Tantos porquês arrotados nessa reunião de almas perdidas no tempo e espaço
No fim de tudo, não passam de malfeitores perdidos no mal desse século insensato
que ultrarromanticamente sonharam um novo mundo
Colorido, cinzento, preto-e-branco, no tom do som do momento... ou do tormento
Quando vão se reencontrar uma vez mais?
Dia desses aí, capaz...


(Homenagem à equipe do blog Os Malfeitores do Século XXI)

Nenhum comentário:

Postar um comentário