Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sexta-feira, 18 de março de 2016

Olhar Consumido Meu, Consumado Eu


Minha vida... caminhos descaminhados por mim mesmo
Desertos poeirentos por detrás e por diante, culpa minha, quiçá
O gosto da cicuta na boca, feridas abertas por todo o corpo
Fel e vinagre são doces delícias que sorvo todos os dias

Os olhos claros da belíssima ruiva que contemplo e desejo ardentemente
Nunca se voltarão pra mim com o mesmo gosto e anseio
Uma estaca cravada contra mim, o pó é meu destino
Tal qual esse coração infernal que bate insanamente e me fere consigo

A luz é só um momentâneo suspiro dessa vela
A parafina e o pavio estão por um fio, tal qual meu fôlego
Jogado no nauseabundo odor dessa minha carniça morta-viva
Caminhando está meus sonhos rumo ao ostracismo abissal

Eu acredito que o Senhor das almas pesadas, ainda que imundas como a minha
Ainda ouvirá esses versos manchados de sangue escorrendo incessantemente
Lágrimas se misturam com essas partículas de meu viver se esvaindo
Como bosques em coma vergando-se, assim desfalece a esperança, morta antes de mim mesmo

Acho que meus olhos não conseguem contemplar o espelho
e ver que sou tal qual esse colapsado planeta Terra, caos é o nome da nova ordem aqui
Tudo se consumindo e virando sacrifício a todos os ídolos da ignorância
E todos se digladiando em homenagem a todos os mestres do nada

Em mim não vejo mais futuro... só o Senhor de todos pode nos salvar
Mas preferimos ainda o abismo a admitir que precisamos de socorro
Pulemos então, e conheçamos mais um pouco do nosso querido inferno
Entorpecidos dizemos sim, vinde morte estúpida nos devorar

Sonhos... em pedaços
Diamantes valiosos jogados no lixo
Desejos que tive, mas que morrerei e nunca os verei
Perda de tempo, tudo em vão
O chão me chama, clama, seis pés abaixo dele estar
E daí pra mais baixo em certeza me arrastar
Meu imortal suicídio, consumada desintegração
Oprimido por mim, por ninguém, meu beijo com meus lábios encinzenta-se
Sopram os ventos do Hades a carregar as cinzas rumo ao tormento infindo
Adeus nenhum, pois que hipócrita o abandona e o recomendaria a alguém?

(Acordado desse pesadelo estou...
Ou seria um aviso de meu rumo até aqui?
Socorra-me!)

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