Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Apparet ingenium mors


Distanásia em mim
Eu tento tolamente fingir que não morri
Mas minha morte cerebral não é apenas aparente, é diagnosticada e comprovada
Vegetar sem clorofila é morrer um pouco a cada dia a mais

Como as pessoas normais vivem?
Eu tentei ser uma delas... mas fracassei
Pois quando se é normal, em que se apoiar quando o anormal surge feito tsunami
E arrasta toda nossa normalidade ao ralo da insanidade?

"Não sou especial. Não sou puro. Sou lama e chama."
A magnum opus de um alquimista maluco, um rebis do bem e do mal
Eu preciso de aprender a rastejar dos escombros que meu castelo de areia virou
Veja os cadáveres dos meus sonhos, amigos imaginários e fantasias apodrecendo no necrotério

O Capitão Folha secou e queimou-se pelo sol ardente de Rio Doce
O Super-João, igual quando virou supervisor, foi superado pela superstição do capitalismo selvagem
UltraJohnnÿ, ah, tolo, risadas dou, as traças o devoraram num papel-machê amassado
E o que dizer do fim do J.D. e suas cartas de amor que amorosamente se rasgaram em confetes?

Meus personagens, personalidades, personas, pessoas, peças de mim
Todos viraram pó na explosão da última estrela em nebulosa na constelação das minhas sinapses
Apaga-se a luz, desliga-se o Bibap, os cateteres param de emitir suas soluções intravenosas
O monitor traça uma linha contínua fatal, o canto fúnebre de um bip interminável

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Quando silenciarei?
Quando se lenços darei para enxugar a lágrima derradeira das infantes ilusões?
Quando um poema pode ser uma EQM* (Experiência de Quase Morte pros leigos)*
E os sábios desse mundo se chocarão quando o último suspiro decidir ser adiado por mim mesmo

Um comentário:

  1. Por onde quer que andemos a morte sempre estará a nos espreitar...

    A morte é como a respiração sendo também necessária à vida...
    Ela determina o tempo que a vida irá prevalecer...

    Todos os serem viventes tem seu tempo...

    O tempo é o melhor amigo da morte...
    Se enganarmos o tempo enganamos a morte...

    Queria eu que fosse assim...

    Achamos que enganamos o tempo ao transparecer juventude devido à variados Métodos atuais...

    Mas em um momento ou outro...

    Cruel como uma noite fria...
    Eis que a morte baterá a porta...
    Reclamando aquele que ela sempre soube
    Quando e como iria encontrar...

    Mas que permitamos...

    Que a morte tenha seu tempo e lugar algum dia em nossas vidas...
    Que ela tenha este poder...até por que não temos escolha...

    Me preocuparei mais com abraços, sorrisos e carinhos gratuitos...
    Do que com a mórbida morte...
    Sei que um dia a encontrarei...

    Mas não darei a ela mais momentos ou pensamentos até este dia...



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