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domingo, 10 de abril de 2016

Criogenia da Alma


273° C negativos
0 K
O zero absoluto
Onde eu poderia descongelar?

Me enquadraram em um quadrado com os bois
Aguardando o matadouro dos supostos cerebrais
Minha carne exposta viva como peça
Aqui nessa freezer de açougue religioso

O brilho do olhar se paralisa no meu frio
Vagando como iceberg girando em meu eixo
A primeira lei de Newton é minha prisão
"Todo corpo tende à inércia ou ao movimento circular uniforme"

Sorrisos falsos presos numa fotografia
E alguns verdadeiros que jamais serão por minha causa
(Ou talvez sim, para me zombarem)
Meu caixão congelado nesse Everest isolado de todos

Romper as geleiras é algo que só o sol poderá fazer
Eu preciso dessa luz para me libertar de mim e de todos
Pois não desejo perecer aprisionado nessa altitude
Como uma múmia exposto a todos que conseguirem chegar ao topo e eu para sempre lá derrotado

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