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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ovos de Páscoa


Fiquei cerca de quatro horas pensando o que escrever
Em letras feitas de chocolate derretido, qual o recheio desse ovo de páscoa?
Meleca amorosa nessa minha aliança, nesse jantar à luz de querelas
Iniciei mal, bem mal, que mal, sou um rapaz mau, fora do padrão que você molda
Negar-se a si mesmo em favor de outros é um saco, mesmo que seja um filho
Independente disso, continuamos doces em nosso amargor
Semiótica não enxerga nossas ilusões que comandam-nos como realidades únicas
Macacos continuam gesticulando "Não vejo, não falo, não ouço"
Obliterem, ostracismo, não há mais espaço para você na Revolução Cultural
Fotografias espalhadas no chão, joguem os professores velhos no vaso sanitário
Ei, sorria, tenho um gás do riso do Coringa para você ficar rindo até apodrecer
Doidos, discursam em púlpitos, palcos, palanques, panquecas, palmitos, podreiras
Em nossos rostos o rejubilar é uma cicatriz da libertinagem escravista

Catalogo pinturas de Giotto, pinacotecas das crenças mais odiosas pelos hodiernos
Os velhos valores substituídos por velhas mentiras
Morcegos sabem bem como esse mundo hoje se vê, o inverso do que tudo foi, é e deveria ser
Uns falam que é retrógrado, retrocesso, retroalimentação, retrospectiva, retratos em preto-e-branco
Na verdade eu percebo que a regressão é a verdadeira face de suas polaroides de progresso
Instalados nas cavernas e catacumbas, continuam se escondendo as verdades que ofuscam os míopes
Siga em frente, olhe para lado, o cavaco se quebrou, não há mais cordas para batidas
Todos os salvadores da pátria, super-heróis e robôs gigantes, todos são mentiras
Admito, bonitas, mas mentiras
Só que as pessoas acreditam nos barbudos, nos bigodudos, nas pretensas mães de ninguém
Bagagens hediondas, hedonistas, e tudo que dizem é que gostam de chocar os "padrões idosos"
Uma velha profecia dizia "pais odiarão filhos, e os filhos irão desejar o mal dos pais"
Relaciono tudo naquele caderno enorme de casos sem solução da justiça injusta
Refaço os passos que nunca quis dar, que nunca dei, que não me lembro
Os passados que nos condenam são os mesmos que comemos na páscoa, bredo adstringente
Sua vez de dizer o que tantos já discursaram: você é um completo imbecil fora de si

Têm mensagens e discursos e pregações e doutrinações que só Deus entende como persistem
Com governos da complexa arte de espalhar cadaverina e deixar todos em coma induzido
Hora de cozer a todos, ou coser todos a uma camisa-de-força, pendurá-los numa forca
Agora abaixe essa arma, aguarde o meu sinal e pule, vá beijar o fundo do abismo
Um lembrete: mande saudações ao inferno, informe que você foi idiota de descrer
Ponto de ebulição, adeus, não precisa de me abraçar, não gosto de seu recato nem sua regata
Temos muitas vagas, deixe seu currículo e morra

Até logo
Com pouca criatividade, esse poeta cansou-se
O que será que virá a seguir? Processos, choros, pavios curtos
Redijam canções de despedida de toda essa bobagem
Demônios mais fortes são aqueles a quem cortamos suas asas
Elegi minhas elegias, me despeço dessa sarjeta
Minhas palavras são inúteis
Tenho vergonha
Ok
Lambam minhas patas
O
Sinal

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