Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Liga da Selva Excluída


Bem-vindo(a) à nossa liga
Eu sou o gato preto, aquele mesmo que teve o azar de cruzar com você
Ao menos não tive o azar da finada galinha preta
que algum orixá jantou semana passada

Aqui nós, os chamados refugos da natureza dos homens tolos, habitamos
Exceto o cisne, que só aparece por aqui em dois momentos:
quando criança, enjeitado como patinho feio, tal qual a ovelha negra da família tb passa dia a dia;
ou quando alguém porventura decide dar o seu canto antes de expirar

(Dizem que ele também vem por aqui as vezes de luto e como dançarino... não temos toda a certeza)

O corvo e a gralha negra, um casal feliz e tão macabro
Sofreram ao assistir séculos atrás a stigmata martir ante eles
E desejaram devorar os olhos daquele Gestas, desumano desonroso ladrão inclemente e irreverente

A poesia para os poetas... e a salada pra quem ganha dinheiro
Mas no final os urubus irão devorar a todos
Eles, junto com seus primos abutres e condores, apenas aguardam
o piar da coruja anunciando o velório na semana que vem
Ou será a mariposa-caveira que passeou no teto de sua casa?

A naja desencantou nosso dia depois de picar o seu encantador
A dor não se comparou ao veneno e a peçonha que o fará serpentear no chão pedindo ar
Na mesma situação dos esposos da viúva-negra
que agora pedem apenas que ela os devore
Sim, pobre esposo que louva-a-deus, mas sua esposa pagã prefere degustar a cabeça dele

Tarantela, tarântula, dança para expurgar o suco venenoso que a vida nos derramou
Estão a cada dia cacarejando bobagens e achando que podemos aguentar calados
Parecemos o irmão morcego, vendo esse mundo de ponta-cabeça
Talvez ele seja o único que vê o mundo como deveria ser, ou como queríamos
O uivar do lobo anuncia que podemos começar nosso ritual
O de se preparar para persistir em causar a celeuma no cérebro dos eternos incompreensívos


(Parece uma descrição de poetas, contistas, romancistas e outros tantos incompreendidos
na vida, na arte, até na esquina... mas é a nossa luta de cada dia na nossa selva de pedra...
... ou na selva de verdade, quiçá...)

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