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domingo, 24 de abril de 2016

Poema Dolorido


Eu só queria sentir seu sangue bombeando pelos seus lábios
Implorando que os meus não parem de te espremer
Poesias me cansam, quando são apenas e eternamente versos
Estou pálido, anêmico, desejoso de todo seu sumo e suor

Não há caixões que comportem pesos mortos como minha imaginação
As Rainhas da Misericórdia estão de luto, contemplando meu mausoléu, meu quarto de solidão
e meu desejo de voltar ao trono, à taça com o tesouro das uvas pronto para mim
Mas a luz do sol me fere como um punhal rasga a pele de um cordeiro sacrificial

O primeiro, o último, o eterno, o nulo
Ainda há algum lugar para ir nesse lugar nenhum? Pode responder
Esse tolo sonhador que esses versos chora, ignora que eles não escorrerão do papel
Poesias são mentiras bonitas, nada mais, pois nada mudam no fim

(Pois) ninguém que leu tudo isso já decidiu parar de me ferir com seus açoites verbais
Seu desprezo, uma espada de dois gumes arrancando minh'alma de minha existência
Tua frieza me fez congelar as veias e artérias, meu sangue em gelo me cadaveriza
Ainda há quem tenha piedade de um poeta perdido dentro de si mesmo?

Mas não quero pena. Nem piedades vãs
Não supro carências, por que seria eu tolo de desejar que outras o façam de mim?
Apenas quero que aquele versículo que Deus teria derramado seu amor sobre nós
Faz realmente algum sentido, ou ninguém mais dá a mínima para esse presente.

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