Jeremias
o profeta já clamava anos atrás
“Voltem-se
ao que eram, tornem para trás”
Mas
deixaram pra trás o que valia a pena
O
mal em suas vidas foi quem roubou a cena
E hoje temos supostos guerreiros do povo
E hoje temos supostos guerreiros do povo
Mas
nenhum veremos certamente de novo
A não ser daqui a quatro anos, quem sabe
A não ser daqui a quatro anos, quem sabe
A
procura de mais gente que os babem
Idolatramos
homens e mulheres bissextos
Que
quatro anos após voltam-nos aos seus cestos
Lixos é o que eles nos relegam constantemente
Lixos é o que eles nos relegam constantemente
Para
depois ignorar-nos tão somente
Amor
virou uma invenção bonita de poetas tolos
Preferimos
agora as rápidas ilusões e seus dolos
Dolorido
é relembrar da segunda-feira
E a
ressaca de um domingo sem eira nem beira
A
carne se desfaz dia após dia em cinza e pó
E
por fim voltamos ao estado do eterno “só”
Pois
ser irmãos, amigos, namorados, passou
E
pra trás quem ficou, não mais se recuperou
Poetas
viraram peças de museu do século passado
Morreram
como um sonho irrealizado
Preferimos
agora aplaudir glúteos ao chão
Rebolando
nossa moral até descer à decepção
Será
que viveremos assim para toda existência?
Bebendo da taça do vinho da indecência
Bebendo da taça do vinho da indecência
Até
o dia em que a morte pagar o seu salário
Dando fim a toda nossa dívida no santo erário
Dando fim a toda nossa dívida no santo erário
Uns
em cavalos e em carros confiam
Mas no Nome do Santo Deus poucos se fiam
Mas no Nome do Santo Deus poucos se fiam
Em
nossa estupidez, nem desconfiam
Que
nosso manto de conforto as traças desfiam
Nossa
intelectualidade nos aprisiona
Numa
liberdade de fachadas laicas, patronas
Que
na realidade nos faz pensar demais
Crenças
viram nada em suas redes sociais
Mas
eu creio – sei, corro risco de me deixarem
Falando sozinho pras paredes só me escutarem
Falando sozinho pras paredes só me escutarem
Mas
eu creio – Não temo a repressão ou razão
Emoções
ainda valem a pena para essa criação
Quem sabe você que escuta-me, talvez indolente
Já
se canse de uma sociedade pseudo-inocente
E
queira se levantar do sofá de conforto
Ver
que existe vida além de nosso porto
Clamores lá fora por amor, pão, carinho
Clamores dentro de mim e você, tão sozinho
Satisfaçamos os escravos da fome a mais
Ensinemos de onde vem nossa ininteligível Paz
Escuto os sons de uma avalanche sobre nós
Hora (de) não mais relegar os que sofrem a só “vós”
Erga-se a voz da Justiça dos Céus, inabalável
A
qual nenhum homem pode dar, incomparável
Não
mais falsos salvadores da pátria jamais
Pois livrar-nos da total miséria nenhum é capaz
Saciar-nos é algo o qual nada aqui poderá
Só
o Sangue Santo crucificado assim o fará
O
dia de sempre, o dia de hoje, ontem e amanhã
Chuva, sol, não importa, haverá nova manhã
Basta-nos não temer e persistir até o fim
O
que virá, não sei, mas será o melhor enfim
A
vida não é um jogo, mas poderemos vencer
Se
ajudarmo-nos uns aos outros sem esmorecer
Do
contrário, nem direita, nem esquerda haverá
Só
para trás é o caminho que a gente andará
Saberei no fim que o amor não é findo, não é
Ainda que o intentem matar, estará sempre de pé
E
assim me despeço, não sei se aplausos terei
Mas
me contento se com meus versos os impactei
No
fim, todos, eu sei, dirão em alta voz, eu sei
“Jesus, Tu és o Único Senhor e Rei”
Nenhum outro nos governará, nunca mais
“Jesus, Tu és o Único Senhor e Rei”
Nenhum outro nos governará, nunca mais
Acredite, não é ainda para nós tarde demais
(Johnnÿ D., Olinda, 05/09/2016, poema apresentado ao vivo no Avalanche Festival de Artes no dia 10/09/2016, na Av. Rio Branco, Recife Antigo, Recife - PE)
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