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sábado, 10 de setembro de 2016

Poesia do Dia de Sempre

Jeremias o profeta já clamava anos atrás
“Voltem-se ao que eram, tornem para trás”
Mas deixaram pra trás o que valia a pena
O mal em suas vidas foi quem roubou a cena

E hoje temos supostos guerreiros do povo
Mas nenhum veremos certamente de novo
A não ser daqui a quatro anos, quem sabe
A procura de mais gente que os babem

Idolatramos homens e mulheres bissextos
Que quatro anos após voltam-nos aos seus cestos
Lixos é o que eles nos relegam constantemente
Para depois ignorar-nos tão somente

Amor virou uma invenção bonita de poetas tolos
Preferimos agora as rápidas ilusões e seus dolos
Dolorido é relembrar da segunda-feira
E a ressaca de um domingo sem eira nem beira

A carne se desfaz dia após dia em cinza e pó
E por fim voltamos ao estado do eterno “só”
Pois ser irmãos, amigos, namorados, passou
E pra trás quem ficou, não mais se recuperou

Poetas viraram peças de museu do século passado
Morreram como um sonho irrealizado
Preferimos agora aplaudir glúteos ao chão
Rebolando nossa moral até descer à decepção

Será que viveremos assim para toda existência?
Bebendo da taça do vinho da indecência
Até o dia em que a morte pagar o seu salário
Dando fim a toda nossa dívida no santo erário

Uns em cavalos e em carros confiam
Mas no Nome do Santo Deus poucos se fiam
Em nossa estupidez, nem desconfiam
Que nosso manto de conforto as traças desfiam

Nossa intelectualidade nos aprisiona
Numa liberdade de fachadas laicas, patronas
Que na realidade nos faz pensar demais
Crenças viram nada em suas redes sociais

Mas eu creio – sei, corro risco de me deixarem
Falando sozinho pras paredes só me escutarem
Mas eu creio – Não temo a repressão ou razão
Emoções ainda valem a pena para essa criação

Quem sabe você que escuta-me, talvez indolente
Já se canse de uma sociedade pseudo-inocente
E queira se levantar do sofá de conforto
Ver que existe vida além de nosso porto

Clamores lá fora por amor, pão, carinho
Clamores dentro de mim e você, tão sozinho
Satisfaçamos os escravos da fome a mais
Ensinemos de onde vem nossa ininteligível Paz

Escuto os sons de uma avalanche sobre nós
Hora (de) não mais relegar os que sofrem a só “vós”
Erga-se a voz da Justiça dos Céus, inabalável
A qual nenhum homem pode dar, incomparável

Não mais falsos salvadores da pátria jamais
Pois livrar-nos da total miséria nenhum é capaz
Saciar-nos é algo o qual nada aqui poderá
Só o Sangue Santo crucificado assim o fará

O dia de sempre, o dia de hoje, ontem e amanhã
Chuva, sol, não importa, haverá nova manhã
Basta-nos não temer e persistir até o fim
O que virá, não sei, mas será o melhor enfim

A vida não é um jogo, mas poderemos vencer
Se ajudarmo-nos uns aos outros sem esmorecer
Do contrário, nem direita, nem esquerda haverá
Só para trás é o caminho que a gente andará

Saberei no fim que o amor não é findo, não é
Ainda que o intentem matar, estará sempre de pé
E assim me despeço, não sei se aplausos terei
Mas me contento se com meus versos os impactei

No fim, todos, eu sei, dirão em alta voz, eu sei
“Jesus, Tu és o Único Senhor e Rei”
Nenhum outro nos governará, nunca mais
Acredite, não é ainda para nós tarde demais

(Johnnÿ D., Olinda, 05/09/2016, poema apresentado ao vivo no Avalanche Festival de Artes no dia 10/09/2016, na Av. Rio Branco, Recife Antigo, Recife - PE)

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