mais um morgado sem quinta do morgado
meu olho está colado na janela do busão
meu desejo enterrado no abismo do niilismo
talvez o inferno seja só não saber mais sonhar
pois sonhos em um lugar que não é possível os realizar não valem de nada
planejar é uma corrida num circuito em circunferência
as chances de não ir a lugar nenhum são totais
fantoches de ideologias fanatismos alienações idiotismos
pra onde vais ora essa ninguém sabe ninguém quer saber
no fim estamos perdidos em rotas fingindo liberdade
é isso que todos falam do pós-moderno relativas verdades cretinas
desejando luz pelo amor a gente se acha talvez
ou fica no engarrafamento recifense e olindense
no horário de pico é perigoso andar dum lado pr'outro
se eu soubesse pr'onde ir já tava com o barco virado pra lá
mas a divina sapiência me mantém ignorante nessa barca de caronte
se vida ainda tiver pra mim eu sei que vou encontrar quando te olhar e tu me olhares
teus olhos verei sim me verão sim
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