Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Nuvens Escuras em Tormentas


A tempestade vem, pinga, respinga, colide contra minha face
Inundante dilúvio, enchentes, trovões, megatons relampejam sobre minha cabeça
Entre decotes e anáguas de disfarce, não enxergo nenhuma pureza em ninguém mais
Nem em mim

Quando a raiva vence a compaixão, quando o terror vence o amor
Os gritos de silêncio ensurdecem o coração trombeteando seu desespero
Nem Freud nem Jung, nem Piaget nem Vygotsky conseguiriam remover minhas neuroses
Todo eletrochoque, toda caixa de Valium, Diazepam e Rivotril não me fazem dormir em paz

O epitáfio ao lado cheira ao meu desejo de que ele fosse o meu
A opressão, a solidão, o abandono e o desprezo fazem um festival sobre minha carcaça viva-morta
Dizem que o ódio, o desespero e a futilidade foram convidadas de honra
Para a festa de coroação do novo Imperador, Vazio I, de todo o lamaçal que circula em minha veias

Você é o dia de estresse número 3000, parabéns, clique em "morte" para dar seu prêmio a ti e a mim
"Save me from this oppression", canta o Randy Rose em um clamor que parece que eu o emiti
Meus joelhos não possuem mais pele, minha voz é mera lembrança perdida nesse mar de lágrimas
Eu não vejo saída desse poço seco, nem das algemas que os mercadores de escravos me puseram

Nesse quarto de paredes amarelas, fechado, trancado, trancafiado igual meus sentimentos
Em prisão domiciliar escolhida por mim mesmo, escondido da tempestade que tenta levar tudo
Meus sonhos são apenas um pó deixado pra trás nas areias de um deserto ou de um sertão qualquer
Haverá cura para meu câncer que eu mesmo fabriquei e que agora me destrói totalmente?

Não preciso de fofura nem de pena, mas também não quero pedras nem cuspes mais, por favor

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