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sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Número do Homem (6)


Essa boca que tolamente já beijou meio mundo de homens
E a minha conhece tão poucos lábios
A responsabilidade é irresponsável dia a dia
Alguns brindam o desapego, eu desesperado por ninguém se apegar mais quando preciso
Mas todos escolheram esperar...
só não se sabe se esperando deitados ou se deitando com quem pela frente aparece

Mas lá fora todos estão certos... e falam alto e trombeteiam suas razões
Sem razão nenhuma, nem emoção, nem correção, liberdade para dentro da cabeça
e saindo pelo ralo do vaso sanitário
Roubam esperanças, roubam crianças, roubam infâncias
E dizem que está tudo bem, tudo tranquilo e favorável, e aí de quem for idiota de discordar
Eu sou um grande idiota.

Estou a seis pés de distância do abismo, e começo a pensar que não é tão distante assim
Autoestima é uma expressão um tanto quanto numa língua desconhecida pra mim
A morte é sem graça. Só a gente que vive querendo trocar a vida por ela sem aproveitar a beleza
Não é errado admirar o arco-íris. Só a gente que gosta de trocar por selvas de pedra
Os conselheiros deixaram-me na maca sem soro nem veneno da eutanásia
Nem me curam nem matam de uma vez, é torturante e desleal

Aguardam a chance de apenas ser o próximo a deflorar a inocência alheia
Não têm vergonha nem da palavra "ejacular", nem da ação de a fazer a seu bel-prazer
Perca o controle dos seus instintos, não existem limites, nem mesmo a tampa de um caixão
Divirta-se
Com suas insanidades só se vive uma vez, Van Gogh e Nietzsche deveriam ter te ensinado isso
Mas preferimos cortar nossas orelhas e continuar sonhando em ser o Superman

A dor é a única coisa desnuda de verdade, além dos corpos pecaminosos da banca de revistas
Sem clima, nem com pincéis coloridos saberíamos dar cor a esses cinquenta tons de cinza
A neblina da tempestade continua devorando as últimas expressões de alegria real
Nesse mundo imundo em que o termo "Deus" não significa mais nada
E que o termo "abrir as pernas" virou quase uma oração sagrada da profana religião do Hedonismo
Os dados nesse cassino indicam uma dupla de prejuízos viciantes no fundo da taça envenenada

Gemidos atrás da porta não me parecem dor, mas podem ser, e nem quem sente percebe mais
Ok, não há mais surpresas pra mim, eu já esperava meus córneos crescendo ante suas córneas
Trair e coçar, é só começar, e minha sarna tá mais que procurada e encontrada
Silêncio. Deixa o mar nos afogar duma vez, fel e vinagre valem a pena no fim do mundo
Já que minha boca conhece poucos lábios e talvez muitos gostos, advindo dos teus, sabe-se lá
Ponha seu rebu que hoje a noite será negra, pois sei bem como sua lábia não descansa um segundo

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