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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Fardo de duas mil e seis toneladas (ou a viagem no tempo no Holandês Voador)


Flutuando contra as ondas e ventos como um Holandês Voador nos sete mares
Permaneço eu
Vendo o tempo passar e repassar entre as ondas debaixo de mim a me sacudir

Escuto uma velha canção dizendo "eu sou feliz no meu viver"
E relembro recordações de um decênio outrora
Quando minhas poesias lembravam meu anseio de ser como menino
E ao mesmo tempo amante
Seis moedas e nenhuma riqueza
O cheio do Leite de Rosas exalando no ar
Minhas cartas de amor de 2002, meu livro romântico de 2005
E até aquelas declarações de 2006
Onde foram parar?
Em 2013 até tentei as emular, mas logo os ventos de 2014 as devoraram

Fardos do último ano que meus poemas eram doces como pasta de confeiteiro
Hoje sinto o azedume adstringente de cada verso vencido
Queria muito voltar àqueles tempos
Mas não sei se o mundo ainda sabe me amar
Não sei se sei ainda amar ninguém, nem a mim
Falta alguém me reensinar tudo de novo

Aquele ano em que minha paixão sofreu seu maior revés
Ainda reflete em todos os reveses seguintes
Revisitar tudo isso dói, mas não sei tirar de mim
O "Sai daqui" de S. O "Não me ama não" de A.
O "Não consigo gostar de você" de S².
O bloqueio da C. A idiotice da M.
Quando a D.M. me deixou de mão depois de tanto carinho jogado fora
E a C². foi capaz de pensar em me cuspir de forma diabólica
Pois bem, do passado e do futuro, nenhuma foi capaz do que você, D., fez
Se prometer a mim e ser capaz de me trair com diversos além
Fardo de duas mil e seis toneladas, dois mil e seis amargo

Nenhum desprezo tenho ou quero por ninguém mais
Tenham piedade de mim, tirem esse fardo maldito
Que o ultrarromantismo, esse mal do século retrasado, tentou instalar em mim
Me façam relembrar de como poemas podem ser a mostra grátis do verbo amar
Quero um novo arrebol que valha a pena e não seja debalde
Quero reconjugar não o verbo julgar
Mas o que me fará dizer
Amo
Você?
Quem sabe, só você mesma deve saber...

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