Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

João Dias Ferreira Netto


Eu já fui o filho que meus pais biológicos não queriam ter
(E só Deus sabe o porquê não me abortaram, só pra escrever esse poema pra você)
Eu virei o filho que uma outra família sempre quis ter e não pode
Até que eu cheguei lá e de lá não larguei nunca mais
O Netto com dois "T" que meu avô, que Deus o tenha, sempre quis pôr nos braços

Já fui o garotinho cheio de doenças chatinhas ao extremo
Anemia, Rinite, Adenoidite, Bronquite, Asma
(Afora um pé direito troncho que até hoje me acompanha
uma sinusite que me incomoda
e um dos ouvidos ouve bem menos do que eu gostaria)

Já tive problemas de alergia, pó, poeira, pelo, chocolate,
bacon, porco, até leite de vaca
(Carne de coelho e leite de cabra viraram meu alimento
- E hoje em dia eu detesto ambos, urgh!)

Já fui o garoto que chorava muito:
- Porque meu pai ia viajar;
- Porque os garotos do colégio me zoavam;
- Porque minha mãe brigava com minhas bobagens.
Mas no fim sempre sorria, porque painho e mainha sempre me amaram
E isso me fazia desde pequeno ser um garoto que sonhava em casar um dia

Já fui o garoto prodígio do colégio
Os meninos e os professores e as professoras e muito mais amavam como eu era inteligente
Aplicado, nerd, CDF, seja lá o nome que você quiser dar
Que sonhava em ser marinheiro, cientista, biólogo, paleontólogo, até decidir ser historiador
Professor de história e contador de estórias...
Igual àquelas que meu velho pai contava na boleia do caminhão
Super-João, Capitão Folha, Capitão Falcon
Quantos heróis eu tentei ser no meu quarto, no apartamento, ou no meu quarto antigo, na minha casa

Já fui o menino que odiava bebida
Porque via o quanto fazia minha mainha ficar pra baixo
e meu painho ficar bem fora de si
(Até hoje odeio...
... Tá, um vinho de vez em quando não mata ninguém)

Já fui uma criança chateada pela separação dos meus pais
Nada é tão duro quanto isso, podes crer!
Me fez virar duro, irritadiço, decepcionado com Deus ou quaisquer outros deuses que nos ofertaram
Diversas entradas, nenhuma saída
O materialismo ateu poderia ser a solução pro jovem pré-adolescente

Até que virei um garoto que ouviu numa canção:
"Não posso viver longe de Você, não posso ficar sem Tua Luz
Eu quero dizer que amo só Você Jesus"
Acabei virando o garoto que decidiu por mudar de vida
Uma mudança que se ele soubesse, quase dezoito anos, quão dura seria
Não sei o quão profundamente ele iria querer encarar

Porque já de primeira virei sei lá porque o sexto pior aluno da sala
Um dos arruaceiros, nada parecido com os heróis que eu sonhei em ser
Uma paródia de mim mesmo que eu decidi largar
E consegui, para logo virar o melhor da sala novamente, amém

Virei pouco depois fã de música incondicional
Não a toa pouco depois viraria poeta também
A princípio um músico qualquer queria eu ser, mas pouco depois as primeiras bandas e projetos
Tentativas frustradas de ser um rockstar gospel

Deixei por um tempo de ser olindense e virei recifense
Mas não diria que foram bons tempos, talvez, esses que virei
Luta complicada era todo santo dia, eu e mainha sabíamos o quanto
Por outro lado, virei gay, viado, fresco, otário; Claro, virei tudo isso para os que não entendiam meu eu
Nem meu desejo de continuar me guardando até alguém que mereça ter a mim por completo
(Desejo esse que não acabou - eu o mantenho até hoje e o manterei o quanto eu puder)

Um dia virei o jogo dos tempos em que vivia perdido em um evangelho qualquer e que só pensava em dinheiro, bênçãos passageiras e eu mesmo
Eu conheci o Sola Scriptura, a mudança real de pensar, o Metanoya real
E decidi virar um tudo um pouco do que o Senhor quisesse pra mim:
Líder de evangelismo, de célula, músico, ator de teatro, recepcionista, técnico de som e imagem
O que for necessário, se dispor a ser

Mas também foi nesse tempo em que virei universitário (ou universotário?)
E descobri que a vida de faculdade não eram as flores que eu pensei.
Igual minhas primeiras paixões... ou seriam grande parte delas?
Em quase todas, decepções, desprezos e coisas que me fizeram desistir
Até quando parecia dar certo, o iceberg lá na frente perfurava nosso navio
E os meus irmãos, por motivos que sei lá porque
Começaram a dizer que eu tinha virado satanista, que eu andava com pessoas erradas
Ainda que eu tenha sobrevivido de pé e muitos deles não

Virei assim um ser confuso
Quantas vezes não fui depressivo, autodepreciativo e, acredite, cafajeste as vezes
Duro de coração, sem sentimento, teimoso, insatisfeito

Ainda bem que eu não quis continuar assim

Meus poemas, que a muito tinham sumido, me refizeram poeta
Me refizeram um ser apaixonante (diga você mesma por você) e apaixonável
Me refizeram um ser de esperança firme, um cantor feliz do amor Eterno
Me refizeram um filho Seu, mais um

É isso que eu fui, eu era... e o que sou
O que serei, só Deus sabe após esses versos
Mas sei que serão lutas...
... mas serão futuras vitórias - e se derrotas vierem, serão por culpa minha, erro tolo de direção
Eu só gostaria é de poder ter certeza
que seja lá o que eu vier a ser
que eu seja contigo, como tiver de ser, seremos, sejamos
Até o ponto final.

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