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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lábios Confusos, Meus e Teus



Pra ser sincero eu estou cansado de me alegrar com a sorte dos outros
De ter sucesso na vida, ter um bom emprego, banda de renome e namorada linda
Não é inveja, nem tampouco é pouco caso ou descaso com seu sorriso
É apenas a vida me fazendo ter desgosto de tantas abertas e incuradas feridas

O planeta Terra é azul e não há nada que eu possa fazer
Continuo a flutuar na minha lata, sentado, enquanto aí fora tanto espaço
"Não há nada que eu possa fazer", versos dessa canção se repetem como um looping
Como um hino em celebração a meus zilhões, enésimos e trocentos fracassos

Mas os decotes da princesa ao lado são mais importantes para nossos instintos animais
O desejo de ver tudo que se esconde por trás da lingerie virou tão banal
Que na verdade já nem me empolga em algo sério ter com ninguém
As pessoas não percebem o quanto a sua involução em bichos é total

Piscar de olhos, estalar de dedos, o desaparecer das flores, de nós todos
Não importa se você é preto ou branco, ou como eu, morena cor do pecado
"They Don't Care About Us", a maior verdade desses urubus ao meu redor
Gritam demais palavras tão vazias, mudas, completamente conturbado

Tabloides e fofoqueiros de igreja, todos iguais, todos tão estúpidos e fedorentos
Os politiqueiros de plantão estão enlouquecendo a todos nós sem parar
Eu prefiro ser antiquado a tentar desvendar como conquistar e superar seu feminismo
Não sei fingir que sou o que sou, um verdadeiro mestre da esquecida busca do tal amar

Um lugar que não tenha nomes, nem nenhum latifundiário pra reclamar ser dono
Nem sem-terras tentando saquear de nós, é o que quero construir
Em nossos corações fazendas fabulosas que nenhum fazendeiro soube plantar
Que me façam esquecer desses revolucionários do nada que a tudo querem destruir

Quem sabe restaurar meu sono e meus sonhos, desejo de sonhar e ver ser real
O passear dos lábios deixar de ser tão brega pros chiques e politicamente corretos
Hipocrisia e beijos de Judas eu prefiro deixar pra quem merece tais venenos
Eu sei, nós que ainda não extinguimos o amor, estamos verdadeiramente certos

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