Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sábado, 26 de dezembro de 2015

Dodôs Perdidos


Deixei meu nariz de palhaço em casa
Ninguém me avisou que era festa à fantasia
E você veio vestida de santa
Te despir é tão simples que nem vale a pena o esforço de pedir

Dói demais a cada dia que passo
Sem beijos nem abraços
Até meu pai foi embora, e com ele meus irmãos
Me deixaram só eu, minha mãe e meu cão

Na coleira meu cão e eu estamos

Como dodôs, lobos-da-Tasmânia, moas e alcas
Peixe-boi de Steller e outras maravilhas da natureza
Os caçadores ensandecidos estão a me fazer caça
E me levar à extinção, a mim e todo meu amor jamais aproveitado pro ninguém

Teólogos e teóricos disputam de quem é a culpa, quem é o soberano enfim
e os profetas de última hora continuam a proclamar o fim do mundo
Já eu só queria no fim de tudo alguém que valesse a pena
E não qualquer uma que apenas queira se aquecer na minha cama e meus lençóis

Jardim-de-infância nunca foi minha praia
Tanto é que fugi do Jardim II direto pra Alfabetização
Minha paciência com crianças só funciona com menores de 12 anos
Acima disso ou se manca ou se manda

Se os peixes voadores realmente voassem alto
Eu montaria num deles pra fugir desse mar revoltoso de tez poluída
E de teus braços, solidão danada, me livraria pra sempre
Você que enchia de eclipse a lua cheia do natal

Ultraviolência... o mundo do amanhã se esconde em tristezas
Mico-leão Dourado, Onça-pintada, Tartaruga-de-couro, Arara-azul
Por favor, não desapareçam
Deem um pouco de esperança a esse quase desvanecido homem
Que clama para não extinguirem o seu amor, como já extinguiram a tantos outros por aí

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