Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Pássaro do Mangue


Meu maracatu atômico explodiu no meu peito
Retumbante retruca o timbau, tamboreiro tanque
Detona e retoma minha sexta-feira tão perdida
Revelando à revelia o que velava sem vela para ver
No mais profundo do interior dessa carcaça eu
O malungo se amaluca no meio do mangue
Cansado de ser chié, arretado com esse lamacê
Querendo avoar mais alto que urubu

Cansado de tanta gente com suas tesouras de negação
Insistindo em castrar minhas asas fora
Eu não sou a graúna de Henfil, que no chão morrerá sem voar
Não, eu posso sair da minha gaiola de desilusões
Reinventar as rodovias e ferrovias do céu azul
E ter alguém que invés de abortar minhas viagens
Venha voar comigo, migrar pra outros continentes
E encontrar um bom lugar pra nidificar e lá morarmos
e nossos filhotes criarmos com muito amor

Como um guará, um pássaro alado da beira do mangue
Sou eu querendo flutuar na beira-mar de Rio Doce
Sair dos buracos de chié e ir além do que hoje vejo eu
Retumbante atômica mutação, do cérebro ao coração
Inté em teu ninho me aninhar, me esquentar
Nas tuas penas me perder, em tuas asas...
Sem parar
Sem ponto final

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